Andropausa - alterações sexuais do homem idoso

A questão demográfica

As últimas décadas têm sido acompanhadas por um grande aumento demográfico na população de idosos em todo o mundo. Os avanços na medicina, a descoberta de novos medicamentos, os programas sociais dos governos, os cuidados de prevenção e educação médica contribuem para aumentar a expectativa de vida da população, no Brasil e nos outros paises.

Dessa forma, o ser humano que agora vive mais anos também quer viver melhor esses anos, de preferência continuando a fazer aquilo que sempre lhe deu prazer.

A Organização Mundial da Saúde classifica como idoso o indivíduo com idade igual ou superior a 65 anos. No Brasil, o estatuto do idoso reconhece os direitos dos indivíduos após os 60 anos; prevê-se que em 2025 seremos 30 milhões de idosos.

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As características gerais do homem idoso

A terceira idade é um período caracterizado por intensas mudanças físicas, patológicas, sociais e emocionais. O idoso revê seus conceitos sobre dinheiro, trabalho, ambições, beleza, vida, prazer e sexo; prefere mais qualidade ao invés de quantidade em tudo, inclusive nas suas relações sexuais.

A sua função sexual se altera basicamente pelas mudanças fisiológicas e anatômicas do organismo provocadas pelo próprio processo de envelhecimento. Porém, não se pode associar essa fase da vida à perda ou à incapacidade de manter relações sexuais. As dificuldades normalmente se iniciam a partir dos 40-50 anos, pois além da diminuição lenta e gradual da testosterona, há uma maior incidência de doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, diabetes, obesidade e dislipidemias muitas vezes agravadas pelo fumo, álcool, estresse, sedentarismo e outros fatores de risco.

Além das causas orgânicas, surgem questões de ordem emocional referentes a aposentadoria, casamento, doenças, auto-estima além de fatores sociais e culturais.Em geral, as alterações sexuais masculinas são lentas e progressivas, dando tempo ao homem de se adaptar a uma atividade menos intensa.

Não existe uma disfunção erétil que seja específica do homem idoso, mas sim uma diminuição da sua capacidade sexual global. É importante que os homens conheçam e tenham consciência dessas mudanças, para que uma eventual falha erétil não cause uma ansiedade de desempenho desastrosa, capaz de contaminar e comprometer as relações futuras.

Ao atingir a maturidade, o sexo é cada vez menos carnal, tornando-se cada vez mais afetivo. As relações são menos sexuais e mais sensuais. Aos poucos, o homem se vê obrigado a assumir o papel de protagonista da relação, trocando de lugar com o seu pênis, que até então tinha sido o ator principal da relação. Isso o obriga a uma adaptação, caso contrário, ele fica perdido sem entender as mudanças que ocorrem no seu organismo.

Muitas estatísticas mostram que a atividade sexual diminui com o decorrer da idade, tanto em homens quanto em mulheres; e várias outras estatísticas mostram que homens idosos ainda permanecem sexualmente ativos, uns mais outros menos, mesmo após os 70-80 anos.

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Os padrões de comportamento sexual do homem idoso

Com o avanço da idade, o padrão de comportamento sexual dos homens pode ser de 3 tipos:

1- Parecido ao que sempre foi na sua fase adulta madura, onde ele procura manter o mesmo ritmo de relações sexuais a que sempre esteve acostumado.

2- Pode haver uma retração ou inibição da atividade sexual que tende a diminuir ou até desaparecer, como nos casais pouco ativos sexualmente e que se entregam a uma rotina sem troca de afeto, carinho ou paixão.

3- Pode ocorrer uma exacerbação da atividade sexual, numa tentativa de repetir o comportamento sexual da juventude. 

O preconceito contra o sexo na terceira idade

O preconceito social contra o casal idoso sexualmente ativo vem de todos os lados. Na própria família, com filhos e netos fazendo comentários e piadas constrangedoras; pela mídia, que valoriza apenas a beleza da juventude; pelos amigos e vizinhos, mal informados, deprimidos e desinteressados; pela religião, quase sempre muito conservadora e por toda a sociedade em geral.

A maioria das pessoas pensa que quando o homem se aposenta do trabalho está quase se aposentando da vida também.

Por outro lado, muitas vezes, vemos com freqüência o casal idoso sendo provedor financeiro de filhos e até de netos adultos, ainda fazendo viagens, participando da comunidade e de cursos universitários.

A RELIGIÃO

Na velhice, a proximidade da morte faz o casal se apegar mais intensamente à religião, que muitas vezes é adotada como uma forma de renúncia, resignação, repressão e até mesmo de alienação. Como na terceira idade não há mais o caráter reprodutivo, a atividade sexual dos idosos passaria a ser considerada pecaminosa, criando neles uma sensação de culpa e desvio moral, reforçando o estereótipo de que o ancião deveria ser uma pessoa assexuada.

O SILÊNCIO DOS MÉDICOS

Muitos médicos não se sentem confortáveis em abordar a sexualidade de seus pacientes, deixando-os inibidos para falar de sexo, criando neles uma sensação de vergonha ou medo de serem mal interpretados. Com isso, os idosos perdem a última esperança de que alguém os ajude a desfrutar dos prazeres do sexo.

Causas da diminuição da atividade sexual do homem idoso

1) Problemas relacionados com a parceira, que pode ser incapaz fisicamente, não ter interesse por sexo ou estar ausente. É fundamental que o homem idoso tenha alguém com carinho e habilidade manual suficiente, capaz de provocar as suas ereções.

2) A má qualidade da relação afetiva, onde existe falta de carinho, afeto e amor. São os casais que já não se gostam, apenas se toleram e muitas vezes nem se suportam.

3) O mau estado de saúde física e mental do casal idoso, portador de artrose, demência, DPOC, seqüelas de AVC, etc.

4) A diminuição da libido, pela queda da testosterona e pela baixa freqüência das relações sexuais.

5) A DE e a ansiedade de desempenho, onde a expectativa de falhar inibe a iniciativa de ter relações pelo medo de passar por constrangimento.

6) Os efeitos colaterais de medicamentos como anti-hipertensivos, antiácidos, beta-bloqueadores, tranqüilizantes, etc.

7) A falta de condições adequadas para o encontro amoroso, como nos casais idosos que moram junto com filhos ou em asilos.

8) A ignorância com relação às alterações naturais do envelhecimento, não respeitando as mudanças biológicas da idade.

9) O negativismo cultural e religioso da sociedade. O idoso absorve a imposição social e cultural de que não deve mais estar interessado em sexo a acaba se reprimindo.

10) A baixa auto-estima que impede o homem idoso de procurar parceiras ou de tomar uma iniciativa nas relações.

As alterações sexuais do homem idoso

1) Ansiedade de desempenho que leva ao medo de tomar a iniciativa de ter sexo.

2) Dificuldade de obter ereções espontâneas quando há necessidade. É preciso que as parceiras estimulem diretamente o pênis de seus companheiros.

3) A ereção é mais lenta, aumentando o tempo necessário para se chegar à rigidez adequada. É comum essa demora detonar a ansiedade que dificulta mais ainda a ereção.

4) As ereções já não são tão firmes e nem se sustentam por tanto tempo quanto antes.

5) Há uma menor capacidade e menor necessidade de se chegar ao orgasmo, possibilitando encontros mais prolongados, mais carinhosos, que não se encerram com o orgasmo.

6) Tem rápida detumescência, quase que imediata ao cessar os estímulos sexuais.

7) Aumenta o período refratário entre as relações, principalmente quando há o orgasmo.

8) Outras alterações:
menor emissão de secreção uretral, menor volume do material ejaculado, menor pressão da ejaculação, orgasmo mais curto e às vezes seco (diabetes e pós prostatectomia), menor ocorrência de tumescência peniana noturna, menor concentração de fibras elásticas nos corpos cavernosos e alteração endotelial vascular.

Tratamentos auxiliares:

1) Fazer uma preparação para a terceira idade ainda entre os 40 e 50 anos, identificando e afastando os fatores de risco que provocam ou que aceleram o envelhecimento.

2) Cultivar bons hábitos alimentares, perder e manter o peso adequado, praticar exercícios físicos em academia ou fazer caminhadas com a parceira, fazer dança de salão que além de ser atividade física é uma atividade social, cultivar boas amizades com amigos de alto astral, manter bom convívio familiar.

3) Entender, aceitar e se adaptar progressivamente às alterações do envelhecimento.

4) Eliminar os fatores de risco como fumo, drogas, álcool, sedentarismo, causas de aborrecimentos, excesso de gordura, sal e açúcar.

5) Cuidar da higiene e da boa aparência. Não descuidar dos banhos, da barba, das roupas, do perfume. Manter os mesmos hábitos da mocidade e da vida adulta.

6) Tratar as doenças crônicas como diabetes, hipertensão, hipercolesterolemia. Tratar os problemas psicológicos e emocionais como ansiedade, estresse e depressão. Manter elevada a auto-estima, criar fantasias sexuais, e ter uma boa parceira sexual.

7) Procurar o urologista para tratar as disfunções sexuais com medicação oral ou injetável e fazer a reposição hormonal quando estiver bem indicada.

8) Por último e mais importante de tudo: manter relações sexuais regularmente.
A baixa freqüência da atividade sexual diminui a libido e aumenta a chance de um mau desempenho, alimentando um ciclo vicioso prejudicial ao bom convívio amoroso. A regularidade das relações sexuais eleva a auto-estima, a autoconfiança e a vontade de repetir as experiências prazerosas. Uma boa relação sexual serve de estímulo, dando mais confiança para as relações seguintes.

Terapia de reposição hormonal masculina

Atualmente dispomos de várias formas de tratamento para a reposição hormonal. Em geral não recomendamos a terapia com os comprimidos de testosterona por via oral pelo risco mais elevado que essa via tem de causar o câncer de fígado. A via trans dérmica por gel de testosterona é uma opção adequada para muitos pacientes que se recusam a fazer a medicação injetável. Seu alto custa é importante fator limitante.

Acreditamos que a medicação injetável ainda é o tratamento que oferece melhor relação custo-beneficio, pois tem um preço bastante acessível, mantém níveis de testosterona no sangue próximos da normalidade e não oferece riscos significativos de evoluir para qualquer tipo de problema. A injeção é feita a cada 3 semanas por via intramuscular o que mantém os pacientes em permanente contato com o seu médico, que dessa forma é capaz de detectar facilmente qualquer anormalidade e corrigir o que for necessário.

Atualmente dispomos também da injeção feita a cada 3 meses, o que é bem mais confortável para os pacientes. A injeção, seja ela de 3 semanas ou de 3 meses, mantém os pacientes em permanente contato com os seus médicos que dessa forma podem acompanhar mais facilmente a próstata dos pacientes, detectando precocemente qualquer problema que possa surgir. 

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