Com a chegada de mais um ano as esperanças se renovam e muita gente faz pedidos, simpatias, promessas e muito mais. Há quem faça um balanço do ano que passou relembrando os bons e maus momentos. Como numa empresa, os bons devem ser aperfeiçoados para que se repita trazendo sucesso e alegria para as nossas vidas. Os maus, não devem ser esquecidos e sim, analisados o porquê do possível fracasso para que se possam corrigir os erros. A vida é uma eterna disputa pelos espaços sociais cada vez menores onde invariavelmente haverá vencedores e perdedores. Isso se aprende também na escola, não de uma forma maçante ou supervalorizada como muitas vezes vemos até certos pais exigirem dos seus filhos notas altas, que sejam campeões no esporte e em tudo. Não muito raro esse tipo de atitude denota ou esconde uma frustração pessoal dos próprios pais.
Algumas escolas simplesmente adotam a eliminação entre vencedores e perdedores no sentido de pregar a igualdade entre as crianças, mas a vida também não é assim.
Nas aulas de Educação Física da escola, por exemplo, pregar a igualdade não significa simplesmente numa competição eleger todos campeões. O ser humano é, por natureza, competitivo. Cabe á escola e ao programa pedagógico preparar a criança, através do jogo à realidade da vida onde sempre haverá vencedores e vencidos. Ganhar dinheiro e ser bem sucedido implica em romper barreiras e estar sempre disputando os espaços com dignidade, respeito e, sobretudo audácia. Implica em ser criativo, respeitar hierarquia e quando vencer não se tornar uma pessoa chata e pedante. Isso pode ser ensinado nos jogos escolares que terá sempre uma equipe campeã e os perdedores, se quiserem reverter o resultado no próximo confronto deverão ser mais criativos, estudar, analisar e traçar novas táticas. Isso é legado a ser transferido ao jogo da vida. As empresas modernas já não admitem empregados apenas pelo currículo escolar. Capacidade de relacionamento afetivo com os colegas de trabalho, liderança de equipe, responsabilidade, disciplina, equilíbrio emocional ao enfrentar problemas e solidariedade são alguns fatores que levam em conta o desempate do currículo. Da mesma forma, gerentes autoritários e os que não têm hábitos de vida saudável não dão lucro na sociedade moderna cada vez mais competitiva.
A sociedade é composta de regras e condutas que podem ser mudadas mediante discussões. Na escola o professor de Educação Física pode não ditar as regras para um jogo. Visando o jogo da vida pode deixar que os próprios alunos criem ou adaptem as normas à realidade do momento ou situação problema da turma. Mas a norma tem que existir. As crianças quando brincam informalmente estabelecem as suas regras logo, disciplina também no fundo no fundo, é inerente ao ser humano. Quando as crianças participam das decisões as chances de todas respeitarem são maiores. Uma empresa moderna funciona com equipes de trabalho que demandam reuniões, discussões e decisões inteligentes. Vence-se e conquista-se mercado pelo diferencial.
Exigir que seus filhos sejam CDF’S (alunos muito estudiosos) não é garantia de sucesso. Quem apenas estuda sem vivenciar o social, pode não chegar a lugar nenhum. Um doutorando com pouca idade é bem provável não saber resolver problemas de relacionamento e não ter experiência nenhuma de vida. Os profissionais de Educação Física que trabalham com crianças têm a sua parcela nessa responsabilidade. Desenvolver através do esporte e do jogo a capacidade de lidar com o sucesso e o fracasso.
Ser professor demanda capacidade de estabelecer objetivos cognitivos, demonstrar interesse, estabelecer laços de amizade com as crianças, ser justo, ora “paizão”, ora durão na hora certa e ainda contornar de modo inteligente as vaidades dos pais de alunos, que endeusam seus filhinhos, por vezes anti-sociais. É muito mais que uma arte e o profissional que, segundo Silva (1992), reunir pelo menos uma parcela dessas qualidades certamente será bem sucedido na sua prática pedagógica.
Há quem comece o ano fazendo velhas promessas de emagrecer, fazer exercício, mudar filosofia de vida, oferecer um serviço melhor. Não é tão fácil assim principalmente porque as pessoas não mudam de uma hora para outra só porque começou um novo ano. Tentam partir de metas não viáveis sem ter o hábito de vida saudável. Emagrecer, por exemplo, apenas 500 gramas por semana são 24 quilos no ano e não é tão difícil assim. Basta parar de comer besteiras e fazer exercício apenas duas vezes por semana. Basta viver um dia de cada vez sem estresse desnecessário. Basta ser realista. No “frigir dos ovos” tudo continua como dantes no quartel de Abrantes. Ninguém muda ninguém sem que o indivíduo queira mudar ou demonstre pelo menos boa vontade em mudar. O obeso vai continuar se iludindo com dietas milagrosas, o fumante vai continuar fumando dizendo que pode parar quando quiser, quem tem o hábito de fazer exercício vai continuar fazendo e quem é bom professor vai continuar a ser bom.
Cartas para: lcmoraes@compuland.com.br
Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 003529
Para Refletir: “Quem tem medo de perder a praia de vista não descobre novos oceanos”.
Sobre a Ética: Você tem o direito de pedir ajuda, apelar ou rezar, mas se não fizer por merecer santo nenhum vai se interessar pelos seus pedidos. Moraes 2009.
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