Luiz Carlos de Moraes é
Personal Trainer há mais de 30 anos, atende com hora marcada e aos 63 anos ainda ministra aulas de
Step, Jump,
Spinning e
Alongamento em academia de Petrópolis. Trabalhou em uma das maiores empresas do país onde coordenou durante mais de 20 anos, em parceria com o serviço médico, programas de Qualidade de Vida para os empregados e treinou grandes equipes de corrida.
Moraes, diz na entrevista que bebês gordinhos nem sempre é garantia de saúde e pode ser um sinal de alerta de
obesidade na adolescência e mais ainda na fase adulta. “Educação nutricional começa em casa e os pais devem escolher escolas para os filhos que tenham bons educadores e bons professores de Educação Física”. – Completa.
Copacabana Runners – A gente sabe e as pesquisas mostram que a sociedade está engordando cada vez mais inclusive as crianças. Em sua opinião onde começa o erro?
Moraes – Na barriga da mãe. Veja bem. Muitas crianças já nascem acima do peso e não são poucas as mulheres e familiares que até se gabam com isso associando bebê gordinho com saúde. Sofri a minha infância inteira com as pessoas dizendo que eu era doente por ser muito magrinho. Na época, anos 50, as pessoas associavam a magreza com a
tuberculose e o bebê fofinho cheio de dobrinhas fazia sucesso. Olha que lindo! Diziam. Para minha mãe também diziam. Lindo seu bebê... Mas é tão magrinho! Hoje, mais de sessenta anos depois esse conceito parece que não mudou muito.
CR – Você acha que as mães têm medo que seus filhos nasçam magrinhos e possam ficar doentes? Em termos de saúde tem diferença do bebê gordinho do magrinho?
M – É interessante dizer que de modo geral os adultos querem ser magros, mas acham que as crianças devem ser gordinhas. Algumas pesquisas mostram que bebês magrinhos geralmente se tornam adultos magros. Eu nasci magro e continuei magro a vida toda. Meu neto, graças a Deus também é bem magrinho e vez por outra ouço gente comentar com ares de preocupação. Ele é lindo! Mas é tão magrinho... Ainda bem que os pais têm consciência de não deixá-lo engordar oferecendo
alimentação saudável com
frutas, verduras,
legumes,
carnes, sucos feito da fruta, sem
refrigerante nenhum e estimula sempre a
atividade física natural. Eu também faço a minha parte e brincadeira com ele só com movimento corporal correndo, pulando jogando bola, brincando de luta, fazendo esforço até ele cansar. Bebês robustos nem sempre é garantia de saúde e pode ser um sinal de alerta de obesidade na adolescência e mais ainda na fase adulta.
CR – Por que as crianças magras são mais ágeis? Existe explicação na ciência?
M – Os bebês tidos como magros e "mirradinhos", muitos até prematuros, uma pesquisa de 1998 concluiu que têm taxa metabólica de repouso mais alta em comparação com os fofinhos. A conseqüência disso é que os magrinhos processam melhor as
calorias exatamente por ter menos massa corporal e depois que começa a andar, correr, pular permanecem magros até a fase adulta. Qualquer leigo pode observar as crianças em grupo a brincar seja numa festa, na escola ou em qualquer lugar. As magras são as mais ariscas e acabam se divertindo mais por mais tempo porque, pelo óbvio, levam mais tempo para se cansar, para desespero das mães. Os fofinhos cansam logo para alívio de suas mães que desejam que seus filhos fiquem quietos assistindo televisão.
CR – Crianças que nascem magras podem se tornar gordinhas ou serão sempre magrinhas?
M – Sim. Elas podem nascer magras e engordar se não tiver uma educação nutricional adequada. Todo mundo já ouviu falar em código genético que as crianças herdam dos pais. Entre essas informações genéticas estão a quantidade de células gordurosas (adipócitos) que uma criança vai ter. Numa família de obesos certamente as crianças irão herdar a
obesidade e coitada da que nascer magra. Pois bem, esses adipócitos irão aumentar o seu tamanho determinando grau de obesidade e segundo a maioria dos estudos essas células podem crescer em tamanho até 1000 vezes por hipertrofia. Porém, existe outro fenômeno chamado de hiperplasia que se refere à divisão dos adipócitos quando atingem a capacidade máxima de hipertrofiar. Ou seja, as células crescem tanto que explodem modificando até as características genéticas.
CR – Você pode explicar melhor como é esse processo de hiperplasia e hipertrofia das células gordurosas?
M – Digamos que hipoteticamente uma criança ao nascer tivesse 20 milhões de células gordurosas e com a hiperplasia passe a ter 40 milhões de adipócitos. A obesidade pode ocorrer pela hipertrofia ou combinação das duas formas se nenhuma atitude dos pais for tomada. A hipertrofia pode ocorrer em qualquer idade, mas a hiperplasia segundo Soares (2003) e outros que o sucederam, só ocorre em três fases na vida: ainda no ventre da mãe, no primeiro ano de vida ou na adolescência. O primeiro é o caso da mãe que já é obesa e acha que tem de comer por dois principalmente no último trimestre. O segundo é a mãe que no primeiro ano de vida entope a criança de comida. O terceiro período é o caso da explosão hormonal na adolescência associado à alimentação inadequada e
sedentarismo. Soares e Petroski (2003) afirmam que a obesidade hipertrófica é mais fácil de controlar enquanto que a hiperplásica é mais difícil de ser controlada, pois a criança, adolescente ou mesmo adulto já possui o dobro de adipócitos que deveria ter ao nascer por erro nutricional e nunca mais volta aos valores genéticos.
CR – A obesidade em crianças tem a ver com o nível social dos pais?
M – Todo artigo que a gente lê baseado em estatísticas mostra que o grau e o número de crianças obesas vêm aumentando em todo o mundo e no Brasil não é diferente. Entretanto, um estudo (Lima e colaboradores, 2004) mostrou que nem tudo está perdido e o país passa por uma espécie de transição nutricional. As mães de melhor nível de instrução, à medida que incorporam conhecimento nutricional adequado passam alimentar melhor seus filhos contribuindo com o recuo dos índices de obesidade infantil. Menores de cinco anos, filhos de mães com melhor escolaridade caiu de 9,9% em 1989 para 4,5% em 1993. Portanto, não adianta ficar acusando a criança que ela está gorda se a família também é. Bebê gordinho não é sinônimo de saúde e magrinho não é doente. Na fase adulta o gordinho pode pagar um preço alto enquanto o magrinho possivelmente vai continuar a ser magro e saudável.
CR – Como você vê a realidade do passado com a de hoje e o que os pais podem fazer para mudar isso?
M – Na minha época a maioria das crianças mesmo as que nasciam meio gordinhas acabavam ficando magras porque brincávamos muito de pique-esconde, amarelinha, jogando bola na rua, andando de bicicleta, carrinho de rolimã, subindo em árvore, tudo que seu mestre mandar. Íamos e voltávamos correndo para a escola e chegávamos todo sujo em casa. Nas festas de aniversário era bolo e Q-suco. Hoje as crianças ficam em casa no computador comendo besteira e se entupindo de refrigerante. As mães acham isso bom porque dá sossego para elas. Tem mãe que manda refrigerante todo dia na merendeira da criança por pura preguiça de fazer suco da fruta. A criança aprende a comer o que os adultos ensinam. É bem verdade que hoje os espaços para brincadeira são menores, mas existem atitudes simples que os pais precisam observar. Uma é educação nutricional começando em casa e se necessário for com orientação de nutricionista. Dieta do vizinho ou da amiga não funciona. Outra é escolher escolas para os filhos que tenham bons educadores, recreadores e bons professores de Educação Física. O que é melhor para uma criança brincar? O pula-pula, o escorrega ou o computador? As gordinhas vão preferir o computador.
Cartas para:
lcmoraes@compuland.com.br - Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ
003529
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