Os casais obesos que querem ter um bebê podem precisar de uma dose extra de paciência. De acordo com uma pesquisa publicada nesta quarta-feira (7/3) na edição on-line da principal revista européia sobre medicina reprodutiva, Human Reproduction, casais com ambos os parceiros acima do peso ideal têm maior probabilidade de uma espera mais longa antes de conseguir a concepção.
Pesquisadores dinamarqueses estudaram 47.835 casais na Dinamarca entre 1996 e 2002 e descobriram que, se ambos os parceiros são obesos, aumentam 2,74 vezes as chances de o casal ter que esperar mais de um ano para que a mulher fique grávida. Quando os dois parceiros não são obesos, mas apresentam sobrepeso, a probabilidade de espera de mais de um ano é 1,4 vez maior em relação aos casais dentro do peso ideal.
Cecilia Ramlau-Hansen, do Departamento de Medicina Ocupacional do Hospital Universitário de Aarhus, que coordenou o estudo, destacou que, se pesquisas futuras comprovarem que o excesso de peso pode tornar os casais menos férteis, a descoberta poderá ter implicações importantes para os níveis populacionais, em particular nas partes do mundo onde a obesidade e a baixa fertilidade são cada vez mais comuns.
“Se o excesso de peso e a obesidade são causas de subfecundidade, e se a obesidade epidêmica continuar, essa capacidade reduzida de reprodução poderá se tornar um sério problema de saúde pública. É importante destacar a necessidade de que sejam feitas mais pesquisas nessa área”, afirmou.
A subfertilidade (ou subfecundidade) é normalmente definida como um tempo de espera pela gravidez que supera 12 meses desde que o casal começa a fazer sexo sem proteção, com intenção de engravidar.
Pesquisas anteriores mostraram que o peso pode afetar a fertilidade tanto em homens quanto em mulheres. No entanto, este é o primeiro estudo a observar o efeito na fertilidade do excesso de peso e da obesidade em casais. O estudo não enfocou casos de esterilidade.
Os pesquisadores dinamarqueses utilizaram dados de um estudo nacional sobre mulheres grávidas que entrevistou mais de 100 mil mulheres entre 1996 e 2002. As participantes completaram quatro entrevistas em um período de dois anos, fornecendo também informações sobre parceiros a respeito de peso, gestações anteriores, hábitos de fumar e grupos socioeconômicos.
Foram excluídos da amostra casais cujas informações eram incompletas, quando havia relato de doenças que podiam afetar a fertilidade ou peso e episódios em que houve doação de esperma. Restaram 47.835 casais.
Os pesquisadores separaram também um subgrupo de 2.374 casais em que a mulher tivera mais de uma gravidez e onde o índice de massa corpórea (IMC) inicial da mulher estava acima de 18,5. Comparando as duas gestações em cada mulher, verificaram que, em média, cada quilo ganho adicionava 2,84 dias ao tempo de espera pela gravidez.
Foram avaliados 365 casais cuja mulher estava acima do peso ou era obesa antes da primeira gravidez (IMC acima de 25) e que mantiveram o peso ou emagreceram na segunda gestação. Nesses casos, para cada quilo perdido, o tempo de espera pela gravidez diminuiu em média 5,5 dias.
Fonte: Agencia
Fapesp, 07/03/2007.
|