Agenda cheia, assuntos sempre urgentes, falta de planejamento, estruturas organizacionais mal definidas, tarefas inacabadas, preocupações excessivas com promoção, reconhecimento e etc. fazem parte de uma lista de causas do estresse gerencial que tem levado muitos executivos à mesa de cirurgia do coração e um enorme prejuízo para as empresas. Gerentes muito ocupados não têm tempo para os subordinados, para a família e muito menos para eles mesmos. Não tiram férias e se orgulham disso, abraçam cada vez mais compromissos, não delegam poderes, se tornam autoritários, chatos, não brincam com os filhos e se acham as pessoas mais importantes para a empresa. Quando menos esperam vão parar numa UTI gerando grande despesa médica. Pior é descobrir que além do sofrimento particular a empresa não morreu por causa dele e tudo continuou lá com a chama acesa porque ninguém em tempo algum é insubstituível no trabalho, mas na família pode ser. Nada pior que ser órfão de um pai que trabalhava de mais.
Quantos saem de casa atrasados sem tomar café reunidos com a família, comem qualquer coisa no caminho, enveredam por reuniões chatas e intermináveis, sem hora de almoço e chegam em casa tarde novamente sem ver os filhos porque já estão dormindo? Uma de minhas alunas adolescente diz que só consegue falar com o pai pelo celular, assim mesmo quando tem sorte, mora na mesma casa e os pais não são separados. Que sociedade é essa! A escola não é responsável pela educação dos “seus” filhos.
Não resta dúvida que gerentes se encontram, além dos compromissos normais, numa posição difícil perante os empregados como elo entre os subordinados, com quem compartilha o mesmo ponto de vista em determinadas situações como, por exemplo, negociação salarial, e a direção que lhe atribui responsabilidade como se fosse o empregador. Imaginem! Ter que falar para os subordinados que a empresa não pode dar aumento salarial, que não façam greve, quando ele mesmo tem a mesma necessidade e gostaria de estar no meio deles brigando por melhores condições de trabalho e salário. Especialistas em Saúde no Trabalho declaram que nunca, em tempo algum, se viu tanta gente adoecer por causa do trabalho. Cada função gera um tipo de doença e as coronarianas podem estar associadas também ao estresse gerencial principalmente os ávidos por ascensão social, status e poder. Quando as promoções não vêm e se julgam mais capazes do que outros promovidos na sua frente se sentem arrasados. Pior é que tudo isso acontece na fase mais produtiva, por volta dos 40 anos onde um infarto pode ser fatal. Adianta trabalhar tanto?
Gerentes são importantes na engrenagem de qualquer empresa assim como todos os empregados, cada um na sua função. Especialistas em Saúde do Trabalho sugerem algumas regras básicas contra o estresse gerencial:
1) Gerentes que só trabalham acabam se tornando chatos. Crie pausas e/ou mantenha um calendário de encontros para confraternização do tipo café da manhã, festejos dos aniversariantes do mês e etc. para conversa informal com toda a equipe.
2) Agende os compromissos diários por ordem de prioridade e não assuma compromissos que não vai cumprir.
3) Trace e negocie metas viáveis tanto com os seus superiores como os subordinados. Executivos brasileiros perdem 40% do tempo com horas improdutivas em reuniões sem foco, “apagando incêndio” de tarefas de última hora e conversas fora do assunto de trabalho e fora de hora.
4) Aproveite as horas mais produtivas obedecendo ao seu próprio relógio biológico.
5) Coloque as pessoas certas nos lugares certos, delegando poderes, atribuindo responsabilidade e dando-lhes total apoio.
6) Alimente-se de forma equilibrada, distribuindo bem as refeições diárias. O café matinal promove um equilíbrio glicêmico, proporcionando um efeito positivo no processo mental.
7) Faça exercícios regulares que proporcione prazer. O melhor é o que você gosta e todos são bons para combater o estresse e eliminar a adrenalina residual. A hora mais adequada para os executivos é antes de ir para o trabalho por causa dos compromissos surpresa que podem estar te esperando. Aos meus clientes executivos sempre recomendo desligar o celular durante a aula porque por mais urgente que seja a empresa não vai parar por causa de uma hora de exercício.
8) Tire férias de trinta dias todo ano e aproveite todas as suas folgas com a família. A empresa não vai parar por sua causa e nem você perde o cargo. Se isso acontecer é porque você não merecia estar lá.
9) Estabeleça quantas horas realmente produtivas deve trabalhar por dia. O ideal são oito. Mais horas você pode trabalhar de vez em quando, mas não faça disso uma prática porque seus superiores ficam mal acostumados, seu conceito perante os subordinados não vai mudar, sua saúde vai parar no lixo, sua família não vai gostar e não é isso que vai fazer a empresa crescer mais ou menos.
10) Lembre-se que você e sua família são mais importantes que a empresa. Gerentes que trabalham demais geram mais problemas do que soluções. Pense nisso!
Cartas para essa coluna:
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 3529 - E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Para Refletir: Quem vive aos “quatro ventos” fazendo questão de dizer que não é burro, talvez tenha dúvidas.
Sobre a Ética – Falta de educação tem muita semelhança com a falta de ética profissional
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