Muitos de nós adoramos acreditar que chocolate é um alimento saudável. Talvez você tenha escutado ou lido sobre seus potenciais benefícios à saúde. Comer chocolate pode ter alguns benefícios para a saúde, mas os estudos estão longe de serem conclusivos. As desvantagens, por outro lado, são claras. Pense duas vezes antes de se empanturrar de chocolate.
A ideia de que chocolate poderia ser bom para a saúde tem origem em estudos com os índios Cuna, que vivem em ilhas da costa do Panamá. Eles possuem baixo risco para
doenças cardiovasculares e pressão alta. Os pesquisadores perceberam que não eram os genes que os protegiam, uma vez que aqueles que se mudavam das ilhas Cuna desenvolviam
pressão alta e doenças cardiovasculares em taxas típicas da população em geral. Alguma coisa no ambiente das suas ilhas deveria impedir a pressão arterial subir.
“O que era particularmente surpreendente em seu ambiente era a quantidade de cacau que consumiam, a qual era facilmente 10 vezes maior do que a maioria de nós poderia ingerir em um dia típico”, diz Dr. Brent M. Egan, pesquisadora no Medical University of South Carolina que estuda os efeitos do chocolate sobre a
pressão
arterial.
Porém, o cacau de Cuna é muito diferente do chocolate que a maioria de nós comemos. Os Cunas fabricam uma bebida com sementes de cacau secas com adição de um pouco de adoçante. Os chocalates que tipicamente comemos, por outro lado,
são feitos com sementes de cacau que são torradas e processadas de várias outras formas, e então combinadas com ingredientes como
leite.
O processamento pode extrair os 2 componentes principais das sementes de cacau: sólidos de cacau e manteiga de cacau. Chocolate é feito de uma combinação de sólidos e manteiga de cacau. A cor do chocolate depende em parte da quantidade de sólidos de cacau e ingredientes adicionados, como leite. Porém, em geral, quanto mais escuro for o chocolate, mais sólidos de cacau ele contém. Pesquisadores acham que os sólidos de cacaus são o componente saudável. Chocolate branco, em contraste, não contém nenhum sólido de cacau.
Na última década tivemos muitos estudos sobre os efeitos do chocolate na saúde. “Há bons estudos sobre o chocolate, especialmente sobre os efeitos do chocolate escuro na pressão arterial”, diz Dr. Luc Djoussé da Harvard Medical School. Sua equipe de pesquisadores descobriu uma queda na pressão de pessoas que comiam mais chocolate. “Os resultados sugerem que chocolate pode de fato abaixar a pressão arterial”, diz Dr. Djoussé. “Esse efeito pode ser mais forte em pessoas que já tem pressão alta”.
Estudos laboratoriais tem revelado vários mecanismos que poderiam explicar os benefícios do chocolate para a saúde cardiovascular. Porém, é difícil provar se o chocolate que a maioria de nós tipicamente consumimos tem de fato esses efeitos. Controlar quanto chocolate as pessoas comem e as acompanhar por longo período de tempo não é uma tarefa fácil.
“Os estudos clínicos que têm sido feitos em pessoas são todos muito curtos”, diz Dr. Ranganath Muniyappa, clínico que estuda
diabetes e doenças cardiovasculares. Esses estudos, ele explica, examinam marcadores de risco cardiovascular, como pressão arterial, e não eventos a longo prazo como ataques cardíacos e AVCs.
Estudos que examinaram os efeitos de longo prazo à saúde do chocolate se basearam na lembrança das pessoas de quanto chocolate comeram. Os pesquisadores então compararam esses níveis de consumo com os eventos médicos. Ainda que esses estudos possam encontrar associações, não podem provar os efeitos de um alimento em particular.
“As pessoas geralmente tem um padrão de alimentação. Uma pessoa que ama chocolates provavelmente os consome com algo mais”, explica Dr. Djoussé. “Pode não ser somente o chocolate por si mesmo, mais em conjunto com grãos integrais,
exercícios físicos ou não fumar – o padrão de estilo de vida em geral. É realmente muito difícil separar os efeitos de um componente individual”.
Chocolate também contém altos níveis de compostos que acredita-se poderem ajudar a
prevenir
câncer. Porém, Dr. Joseph Su, especialista em câncer e alimentação, diz que a evidência direta também é difícil de obter nesse aspecto. Uma vez que câncer pode demorar anos para se desenvolver, é difícil provar se comer chocolate poderia afetar a doença. Ao invés disso, os pesquisadores procuram examinar se fatores relacionados ao câncer mudam quando o chocolate é consumido.
“No momento, alguns estudos mostram algumas modificações notáveis nesses marcadores”, Diz Dr. Su. Mas a evidência que chocolate pode reduzir câncer e as taxas de mortalidade em pessoas ainda é fraca. “Há alguns estudos que mostram algum efeito”, diz Su”, “mas as descobertas estão longe de serem consistentes.”
Algumas pesquisas também sugerem que chocolate poderia ajudar a prevenir diabetes. Porém, os desafios para provar isso são similares àqueles para doenças cardiovasculares e câncer.
Outra coisa que torna difícil interpretar esses estudos é que eles frequentemente usam chocolates diferentes, então seus ingredientes e efeitos sobre a saúde podem variar.
Acredita-se compostos chamados flavonóides sejam responsáveis por muitos dos benefícios potenciais do chocolate. Esses compostos também são encontrados em chás, vinhos, frutas, verduras e legumes. Chocolates podem variar muito na quantidade de flavonóides. As sementes de cacau naturalmente contêm quantidades diferentes de flavonóides. Uma grande parte dos flavonóides também pode ser removida durante o processamento. O resultado é que não há forma de saber se o produto final contém grandes quantidades desse
composto.
Então você deve comer chocolate? O chocolate contém muitas calorias, e a importância de manter um
peso saudável é bastante conhecida. “Se você estiver comendo chocolate, certifique-se de verificar sua quantidade de calorias, açúcares e gorduras”, diz Dr. Su.
“Para aqueles que já são consumidores de chocolates, aconselho a procurar pelos escuros” Dr. Djoussé acrescenta, “não os chocolates brancos ou ao leite que não fornecem nenhum benefício, somente muitas
calorias”.
Porém, não há necessidade de começar a comer chocolates se não tem esse hábito. “A ciência não nos permite fazer recomendações porque as evidências simplesmente não estão disponíveis”, diz Dr. Muniyappa.
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Créditos:
Tradução: copyright © 2015 por Helio Augusto Ferreira Fontes
Texto:
NIH – National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases
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