Essa época do ano começa o desespero dos que ficaram hibernando durante o inverno correndo para as academias na tentativa de recuperar o tempo perdido. É gente querendo emagrecer, ganhar músculos ou milagres que definitivamente academia não faz e nem é o lugar. Resultado. Os consultórios médicos ficam cheios dos “sarados” e machucados por sucessão de erros.
Logo, aparecem os oportunistas que se apressam em condenar os serviços das academias, dos professores e tudo o mais como se tudo fosse ruim. É verdade que existem maus professores e academias ruins, da mesma forma que existem maus médicos, fisioterapeutas, engenheiros, políticos, repórteres e tantos outros profissionais. Entretanto, é a minoria. Quantas vidas são salvas por médicos todos os dias? Muito mais do que as que morrem por erros médicos. Quantas pessoas conseguem bons resultados corporais e ganham qualidade de vida com a orientação adequada de profissionais de Educação Física seja particular ou mesmo nas academias? Será porque os vitoriosos são justamente os mais velhos, mais exigentes, mais assíduos e não levam dúvidas para casa porque sempre perguntam ao professor e dele exigem o conhecimento?
Se existem tantos machucados onde está o erro? Em primeiro lugar está no próprio cliente consumidor que costuma exigir e reclamar da qualidade em outros serviços tais como restaurantes, hotéis, roupas e até dos seus empregados, mas não tem critério na hora de escolher uma academia ou mesmo personal trainer. As aulas coletivas de step, body Jump, ginástica localizada, spinning estão lotadas, mas será adequada aos objetivos individuais? Quem pode fazer esse tipo de aula? As boas academias oferecem avaliação funcional exatamente para o cliente descobrir qual a atividade mais adequada ao seu perfil e objetivos. Além disso, academia boa tem um serviço profissional integrado de acompanhamento inclusive com lista de presença porque resultado só aparece em quem não falta. Médico, fisioterapeuta, nutricionista além dos professores de Educação Física são alguns desses profissionais que integram a equipe. O cliente deve se sentir bem em todos os ambientes da academia. Isso inclui o estacionamento, a secretaria e os vestiários.
Ora! Tudo isso tem um preço. Normalmente a primeira atitude do cliente é perguntar o valor da mensalidade querendo sempre o mais barato e desconto. Dificilmente questiona se os professores são atualizados e habilitados pelo CONFEF (Conselho Federal de Educação Física). É um direito do cliente exigir, uma obrigação do profissional andar com sua carteira de identidade que o habilita na profissão e não representa nenhum constrangimento nem humilhação se apresentarem quando solicitado.
Há quem prefira os serviços personalizados, os chamados Personal Trainers que podem atender na academia, na casa do cliente ou num estúdio próprio. Novamente vem a questão do valor. É incoerente comer caviar, andar de carro novo, comprar roupa de marca e achar caro um Personal Trainer, justamente quem vai cuidar da saúde do cliente.
A maioria dos relatos de lesões associados à atividade física de academia se relaciona com joelhos, ombros e coluna. Infelizmente tornou-se prática, até na literatura, falar que “tal” exercício é para “tal” músculo virando uma espécie de “decoreba”. Não se fala, ou fala-se pouco da funcionalidade de cada grupo muscular nos movimentos do dia a dia. Nessa onda “decoreba” alguns professores também acabam cometendo o erro de prescrever mesmo número de séries para diferentes grupos musculares sem levar em conta o tamanho de cada músculo ou grupo muscular. Isso não deixa de ser culpa do cliente que na maioria das vezes está mais preocupado com a estética e acaba induzindo os professores responderem sempre da mesma forma aos mesmos desejos. Quero aumentar o peitoral; deixar o bum bum mais empinado e barriga de tanquinho. Nunca perguntam para que servem esses músculos.
É preciso que a sociedade mude de atitude e passe a exigir mais seus direitos ao solicitar serviços de profissionais de Educação Física. É muito fácil dizer que eles ou as academias não sabem o que estão fazendo e antiético quando essa afirmação parte de forma generalizada dos próprios profissionais de saúde. Os CREF’S (Conselho Regional de Educação Física) de cada região têm atuado na fiscalização. O problema é que os clientes mau atendidos limitam-se a procurar outro serviço em vez de denunciar assumindo a seu papel de cidadão. Muita coisa mudou para melhor depois da existência do PROCON, Ministério Público e a própria regulamentação da Educação Física. Sem atuação do cliente, o principal prejudicado, muita coisa ruim ainda vai continuar acontecendo. Pense nisso!
Cartas para: lcmoraes@compuland.com.br
Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 003529
Para Refletir: A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces. Aristóteles
Sobre a Ética: O erro acontece de todo jeito e em todo lugar, consertá-lo só acontece de um jeito. Com boa vontade. Moraes 2008.
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