Corpos "malhados", "sarados", "torneados", "corpo definido"... e por aí vai.
Variados termos em voga no mundo do fitness com o mesmo sentido. Estética.
Embora dicionarizada significando o belo e o conceito de estética muda de tempos em tempos conforme o apelo social. Um bom exemplo são as fotos de capas das revistas femininas mais antigas do tipo "Boa Forma" que ao longo dos anos vem mudando. As modelos de hoje são magras, sem as indesejáveis gordurinhas nos quadris, com os músculos aparentes, proporcionalmente bem distribuídos e sem exagero. Ou seja, corpos simétricos, uma qualidade não observada em algumas épocas onde uma parte do corpo era mais atraente.
Embora os glúteos na mulher ainda seja alvo de admiração, hoje em dia tem-se a preocupação com o conjunto das pernas.
O conceito de corpo perfeito, na verdade, cada um idealiza a seu modo e preferência pessoal variando conforme o país, o estado e até mesmo de bairro para bairro, renda e classe social. O ideal de corpo de uma garota zona sul pode ser diferente das mulheres que moram na periferia ou no interior, mesmo porque o modelo propagado é inacessível para a maioria das mulheres.
Da mesma forma o corpo masculino segue uma tendência de época. Os campeões de fisiculturismo do passado mais pareciam uma rã com o tórax extremamente desenvolvido e as pernas finas. Hoje, embora já haja uma preocupação com as pernas, ainda assim o peitoral é o grupo muscular alvo dos freqüentadores de salas de musculação.
... Mas qual seria a visão do conceito de saúde nessa questão? Podemos dizer que a palavra chave seria o equilíbrio. Nem muito nem tão pouco ou podemos falar em simetria. A prática de
exercícios físicos seguindo certos apelos sociais ou preferência pessoal, pode por vezes levar a um desequilíbrio muscular e por conseqüência direta a uma lesão. As mulheres por exemplo, que enfatizam o trabalho de glúteo, podem não prestar atenção ao trabalho dos grupos musculares antagonistas responsáveis pela estabilidade e sincronismo entre a coluna, pelve e quadril. A articulação do quadril (coxofemural), possui grande liberdade e amplitude de movimentos suportando o esqueleto e toda a parte superior do corpo além, de servir de linha de transmissão de forças entre a pelve e as extremidades inferiores. Se há um excesso de trabalho para os glúteos a coluna lombar pode "pagar o pato" por conta de uma diferença de força entre os glúteos e os flexores de quadril. Quando esses músculos não têm uma boa
flexibilidade, o exercício de quatro apoios costuma não ser bem executado provocando uma hiperlordose lombar.
Entre os homens na sala de musculação não é diferente. Como a maioria prioriza os músculos aparentes, tais como os peitorais, grande dorsal, bíceps e tríceps, não é difícil vermos pessoas com lesões em músculos sinergistas e auxiliares e que participam dos exercícios destinados aos grupos citados.
Dores no ombro associado à síndrome do impacto, no braquiorradial são apenas dois exemplos de assimetria. No primeiro caso, a falta de exercícios adequados ao grupo manguito rotator pode gerar o problema. O segundo caso é, de certa forma comum ás pessoas que exageram nos exercícios da rosca bíceps esquecendo de fortalecer o braquiorradial com flexão e extensão radioulnar.
Não é difícil vermos praticantes de musculação assumindo posição cifótica (corcunda) por conta de excesso de exercício para o peitoral. Alguns chegam ao absurdo de até forçarem mais ainda essa curvatura na intenção de manter o peitoral contraído e, "supostamente" grande. Essa postura costuma ao mesmo tempo encurtar a musculatura lombar levando à hiperlordose.
Não menos problemáticas são as modalidades esportivas que forçosamente priorizam determinados movimentos repetitivos. A corrida de longa distância por exemplo pode gerar problemas de joelho por conta de diferença de força entre os músculos vasto medial e lateral. Determinadas contusões são inerentes a esporte específico tais como cotovelo de tenista (tennis elbow), dores no ombro de nadadores e voleibolistas, lombalgias de ciclistas e etc.
Mais uma vez podemos chegar à conclusão que, em primeiro lugar, nenhuma atividade física é completa por si só, nem a natação como exaltam por aí.
Toda modalidade esportiva exige uma preparação física complementar para corrigir e ou fortalecer grupos musculares antagônicos aos movimentos primários. Quem faz exercício físico visando a estética também não deve se prender a uma única atividade achando ser a melhor do mundo. Nesse sentido cada vez mais a musculação e a ginástica localizada vão se tornando mais importantes para atender a esse objetivo assim como o treinamento individualizado (Personal Trainer). A prescrição de cada exercício leva em conta a conjugação da correção das assimetrias com o objetivo do cliente.
Para isso o profissional de Educação Física precisa ter conhecimento, estar sempre se atualizando, ser habilitado pelo seu respectivo Conselho Regional e ter bom senso.
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