Corrida de longa duração diminui a testosterona e aumenta o cortisol

Corrida e hormônios

Vimos a algumas semanas que série única e pesada de musculação é capaz de aumentar a quantidade do hormônio masculino testosterona assim como o cortisol que teoricamente são dois hormônios opostos. O primeiro é considerado anabólico responsável pela síntese da proteína sendo o principal responsável pela hipertrofia enquanto o cortisol é o hormônio catabólico relacionado à degradação da proteína. Ou seja, um constrói e o outro destrói. A liberação de forma aguda da testosterona é o que supostamente possa anular e/ou amenizar o catabolismo induzido pelo cortisol. Vimos também que quanto maior o volume do treinamento (mais repetições e séries) menor a liberação de testosterona e maior a quantidade de cortisol tendo como conseqüência possível o catabolismo.

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Pois bem. Isso também pode acontecer na corrida. Quanto mais curta e veloz maior a possibilidade de liberação de testosterona e cortisol. Quanto mais longa a corrida como as maratonas, menor a liberação de testosterona e maior a liberação de cortisol e das enzimas do grupo creatina-quinase, relacionadas ao desgaste muscular.

Estudos com ratos mostraram que a secreção de testosterona de forma aguda se deve, entre outros fatores a presença de lactato nos testículos. Pesquisadores injetaram lactato sanguíneo nos testículos de ratos o que estimulou a secreção de testosterona. Sabe-se que corridas curtas com velocidades mais altas, tais como série única e pesada na musculação gera quantidade de lactato superior a 4 mmol na corrente sanguínea considerado o ponto de equilíbrio entre os sistemas aeróbio e anaeróbio.

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Outro estudo feito por Sheila França e Turíbio Leite no Centro da Atividade Física e do Esporte na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), verificou o comportamento dos níveis de testosterona, cortisol e das enzimas relacionadas ao desgaste muscular em atletas de maratona antes, ao término e durante a recuperação para saber dos desníveis hormonais e quanto tempo dura esse desequilíbrio chegando à conclusão que a testosterona chega a baixar 55% dos níveis normais e o cortisol aumenta cerca de 110% imediatamente após a chegada voltando à estabilidade somente 20 horas depois. O resultado do estudo apenas corrobora os dados já existentes na literatura.

Até aí morreu Neres! Isso quer dizer que correr maratona é prejudicial? Claro que não. Mais uma vez entra a questão que há anos defendo. Treinamento adequado equilibrando a musculação com os métodos específicos de treinos de corrida tais como os intervalados, os regenerativos, os moderados e os chamados “longões” que desenvolvem a resistência. Encaixar corretamente esses métodos no ciclo semanal é o segredo, mas não é uma receita de bolo porque precisa mudar constantemente de acordo com o desenvolvimento de cada corredor e/ou surpresas desagradáveis tais como lesões. Entretanto, algumas regrinhas não devem ser desprezadas.

1) Os treinos que estimulam a forma aguda da testosterona são a musculação com poucas repetições, pesada, poucas séries, os intervalados e as corridas curtas mais fortes.

2) O dia seguinte a esses treinos fortes devem ser obrigatoriamente leves ou regenerativos.

3) O chamado longão deve ser precedido por um descanso ou no máximo um treino leve e o dia seguinte também.

4) A quilometragem semanal não deve aumentar mais do que 5% garantindo evolução lenta, gradual e progressiva.

5) A freqüência semanal deve ficar entre três e cinco dias.

6) Quem treina apenas três vezes por semana obrigatoriamente terá que fazer musculação e corrida no mesmo programa. Isso não é problema bastando equilibrar as intensidades de cada atividade. Ou seja, se a corrida for forte a musculação para as pernas será leve, mas pode ser pesada para o tronco e braços. Se a corrida for leve a musculação para as pernas pode ser pesada. Isso evita o chamado treino concorrente que também gera catabolismo.

7) Quem tem quilometragem de média para alta deve se preocupar com o suporte de carboidrato antes dos treinos mais longos e proteína depois, mas sem exageros nem cortes drásticos. Alguns corredores acham que podem comer de tudo porque correm. Outros cortam o carboidrato com medo de engordar. O ideal é ser orientado por nutricionista e um treinador e os dois se falarem. No mais, é correr equilibrando os hormônios anabólicos e catabólicos.

Cartas para essa coluna:
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 3529 - E-mail: lcmoraes@compuland.com.br

Para Refletir: Os verdadeiros palhaços fazem rir as crianças com suas puras e singelas palhaçadas. O que não tem graça nenhuma é certos políticos nos fazer de palhaços. (Moraes 2013)>

Sobre a Ética: O sorriso de uma criança, a audácia do jovem, a sabedoria dos velhos. O segredo da felicidade (Moraes 2013).

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Créditos:
Texto copyright © 2013 por Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 003529
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