O fim do inverno está próximo e, com ele, volta a preocupação em perder peso e recuperar a boa forma física. Porém, especialistas alertam que o exagero na malhação, a pressa em diminuir as medidas e, principalmente, a falta de orientação de um profissional especializado podem gerar alguns problemas ortopédicos.

Esse vício chamado de síndrome de overtraining ou supertreinamento já foi exclusivo de atletas. Agora, está presente nas academias e atinge pessoas obcecadas por malhação, amadores e até crianças. 

O excesso de malhação é comum em homens que possuem o objetivo de hipertrofia, ou seja, que desejam ganhar músculos rapidamente. No caso das mulheres, o exagero ocorre freqüentemente na busca pelo emagrecimento rápido. 

O Dr. Mauricio de Moraes, médico ortopedista do Instituto de Ortopedia e Traumatologia de São Paulo (IOT – SP), alerta que passar horas malhando é tão prejudicial quanto levar uma vida sedentária. “O abuso pode causar problemas musculares e até articulares. Quem está há muito tempo sem praticá-los, dependendo da intensidade do treinamento e do despreparo da musculatura, pode sofrer lesões”, enfatiza.

 O exagero pode gerar dor crônica, edema (inchaço), limitação de algumas funções da articulação e, muitas vezes, lesões permanentes. “Em mulheres, o excesso também pode desregular o ciclo menstrual ou até cessá-lo, provocando uma osteoporose precoce”, acrescenta o Dr. Rubens, também médico ortopedista do IOT – SP.

Um dos primeiros sinais de que houve abuso na malhação são as dores contínuas. Os médicos explicam que, normalmente, o incômodo aparece de 24 a 48 horas após os exercícios, em decorrência da degradação muscular e da lesão pelo esforço. “Elas tendem a cessar em dois a três dias. Porém, a permanência do sintoma é um alerta de que algo está errado”, completa o Dr. Rubens.

Na persistência da dor ou problemas ortopédicos mais graves, é fundamental realizar atividades apenas com a orientação médica. “Para quem está há muito tempo parado, sugiro atividades de baixo impacto como alongamento, caminhadas e musculação com pouco peso. Para recuperar a boa forma, recomendo exercícios aeróbicos. Em ambos os casos, consulte um especialista e conte com apoio nutricional”, indica o Dr. Mauricio de Moraes. 

A freqüência dos exercícios varia de acordo com cada indivíduo. Há aqueles que, antes de iniciar uma atividade física, precisam da avaliação de um cardiologista.