Quando Getúlio Vargas em 1˚ de maio de 1943 garantiu ao trabalhador um período de 30 dias de gozo de férias depois de um ano de trabalho não podia imaginar que 165 anos depois haveria tanta gente que não consegue tirar férias a que tem direito, seja por medo de perder o emprego ou cargo, que possa ocorrer mudanças e/ou decisões durante sua ausência interferindo nas suas responsabilidades e até mesmo descobrir que realmente não faz falta nenhuma. Por conta disso, principalmente as pessoas que exercem cargos de chefia e/ou confiança no máximo conseguem se ausentar da empresa uma semana por ano. Muitos ainda dividem as suas férias em dois períodos de dez dias para não ficar tanto tempo longe da empresa e vendem os outros dez, dinheiro que não traz de fato nenhum benefício concreto e muito menos resolve problemas financeiros.
Em tempos tão modernos, com tanta tecnologia e facilidade de comunicação, que resulta na execução de tarefas mais rápidas e de melhor qualidade deveríamos estar trabalhando menos. No entanto a cobrança é cada vez maior e as pessoas estão adquirindo verdadeira fobia pelo trabalho, adoecendo por causa dele justificando até a origem da palavra que significa instrumento de tortura. Há quem chegue ao ponto de quando conseguem tirar férias levam alguns dias para desacelerar, aceleram antes de voltar e assim mesmo ficam com a cabeça lá na empresa o tempo todo. Quem tem cargo de chefia telefona todo dia para a secretária e quem é nível médio liga para um colega para saber como “estão as coisas”. Esse como “estão as coisas” significa saber se houve ou vai haver demissões e/ou mudanças significativas. Ou seja, mesmo ausente não se desliga prejudicando a si mesmo e a família porque acaba ficando tão ou mais ansioso e estressado do que trabalhando. Não é uma cena rara vermos gente nas férias carregando lap top e falando no celular assunto de trabalho “se achando”. Os bons hotéis de olho nesses clientes já oferecem serviço para pessoas que deveriam estar curtindo momentos de lazer. Quem tem medo de tirar férias se julgando o mais importante do mundo demonstra insegurança e como se diz no popular, “não se garante”. Ninguém é insubstituível e empresa nenhuma pára por causa de empregado, seja lá quem for.
Férias é uma boa oportunidade para descansar o corpo, repor as energias para um novo período, “curtir” a família e porque não, repensar as suas ações fazendo um balanço de tudo que está fazendo se está valendo ou não à pena. Está na profissão certa? Fazendo o que gosta? O que planejou no início do ano quanto já realizou? O casamento? Os filhos?
Outra grande dificuldade é conciliar as férias do trabalho com as escolares para quem tem filhos estudando. Empresários procuram esse período que coincide com movimentos menores na empresa, mas não pode sair junto com os seus gerentes optando por uma escala negociada e distribuição de tarefas. O mesmo acontece com os outros empregados. Se tiver muita gente com o mesmo problema a gerência promove uma escala de prioridade negociada.
Especialistas recomendam algumas regras básicas antes de entrar de férias especialmente os executivos:
1) Faça planejamento de todos os projetos e tarefas no início do ano com toda a equipe incluindo as férias de cada empregado.
2) Aprenda a delegar poderes e confiar na equipe. Assim, durante o ano todos cobrem todos.
3) Se a empresa estiver passando por situações difíceis ou executando projetos importantes seja flexível adiando as férias, mas não cancele. Sua saúde vale muito mais.
4) Uma ou duas semanas antes distribua as obrigações e tarefas avisando aos clientes e fornecedores “quem fica responsável pelo que” durante sua ausência. Se algum trabalho depende da sua aprovação e/ou avaliação adiante a sua decisão. O importante é não interromper as férias sem, no entanto, prejudicar o bom andamento do serviço.
5) Na volta peça retorno de tudo que foi ou não feito durante sua ausência. Agora é hora de reassumir e dar cobertura a outro colega de trabalho.
6) Nas férias limite-se a se comunicar com a empresa apenas o necessário sem prejudicar o convívio com a família. Nesse momento todos estão cobrando a sua presença e não querem dividi-lo com ninguém muito menos com a empresa. Você precisa consolidar essa relação.
7) Se seu chefe é do tipo carrasco aprenda a conviver. Um dia ele vai embora ou se muda. O bonde passa o poste fica.
8) Não tenha medo de tirar férias. Ninguém perde o emprego por causa disso e se acontecer é porque você realmente não fazia a menor diferença.
9) Tente perceber no semblante reação da equipe no seu retorno. Ainda bem que voltou! Ou, que “saco”! Ele voltou!
Cartas para essa coluna:
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 3529 - E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Para Refletir: Para fazer o errado é preciso ser inteligente conhecendo as leis, e suas falhas. Fazer o certo não precisa pensar. Basta seguir a norma.
Sobre a Ética: Apontar os erros dos outros é preciso saber como se faz ou se existe forma melhor de fazer o certo. É um princípio ético.
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