No filme “O Discurso do Rei”, que se passa na Inglaterra antes da II Guerra Mundial, o rei George VI tinha que dominar a gagueira que o afligia desde a infância e tornava as falas em público uma agonia. 

Com a ajuda de um fonoaudiólogo, o rei aprendeu como controlar sua gagueira o suficiente para conseguir fazer discursos. Porém, o rei nunca derrotou completamente sua gagueira. Embora ele conseguisse superar a repetição característica dos sons no começo das palavras, em filmes antigos você ainda pode vê-lo pausando, fazendo careta, e reunindo coragem para seguir o melhor que podia.

Mais de 50 anos depois, terapias para aqueles que gaguejam não são muito diferentes da do rei. Muitos, como o rei George, buscam aprender maneiras de minimizar o impacto dessa perturbação da fala. As terapias envolvem aprender a falar mais lentamente, controlar a respiração, e gradualmente progredir de respostas de uma sílaba até palavras maiores e frases mais complexas.

A gagueira afeta mais de 60 milhões de pessoas no mundo. Aproximadamente 75-85% daqueles que sofrem gagueira na infância a superam quando tornam-se adultos. Porém, atualmente não há forma de saber quem interromperá gagueira. Meninos têm mais que o dobro de probabilidade de gaguejar do que as meninas. Essa diferença aumenta ainda mais na fase adulta, quando homens têm 3 a 4 vezes mais probabilidade de gaguejar do que as mulheres.

A gagueira tem sido reconhecida como uma perturbação da fala por milhares de anos. Sempre especulou-se sobre a sua causa. No época do rei George, acreditava-se que seria decorrente de um trauma emocional na infância ou ligação pouco saudável com um dos pais, geralmente a mãe. Hoje em dia algumas pessoas ainda pensam erradamente que a gagueira é causada por problemas sociais ou psicológicos, ou nervosismo e ansiedade.

Isso está começando a mudar por causa de uma recente descoberta por uma equipe de pesquisadores comandados por cientistas do National Institutes of Health (NIH). Eles identificaram alterações em 3 genes diferentes que parecem influenciar a gagueira. Os pesquisadores propuseram que parte do cérebro dedicada à fluência da fala pode ser sensível a problemas causados por defeitos nesses genes. Mais pesquisas podem fornecer novas descobertas sobre o que causa a gagueira. Eventualmente, esse trabalho pode sugerir formas de corrigir o problema.

Pesquisadores esperam que um dia a gagueira possa ser tratada como uma perturbação biológica com uma cura médica, e não como uma característica de fraqueza. Enquanto isso, se você ou seu filho gagueja, há uma variedade de tratamentos disponíveis. Converse com um fonoaudiólogo sobre as opções de tratamento. 

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Créditos:
Tradução: © 2014, Hélio Augusto Ferreira Fontes.
Texto: NIH - National Institutes of Health