Nos anos 80 a professora de Educação Física Ercy Hanitzch, lançou em São Paulo a novidade americana de ginástica numa piscina com água até o peito. Era a hidroginástica também atribuída a Cooper nos anos 50.
Embora o meio líquido não seja o hábitat natural do ser humano quase toda criança se sente atraída e brinca dentro da água executando os mais complexos movimentos. Correm, brincam de pega, jogam bola, mergulham, se escondem até cansar.
Por causa das propriedades físicas da água, a hidroginástica, só tem vantagens. Não sobrecarrega as articulações e ainda é relaxante. Ninguém sai todo dolorido da piscina como pode acontecer com as atividades em terra firme. É uma atividade aeróbia, mas também pode ser feito um trabalho anaeróbio importante dependendo dos acessórios usados e a intensidade ou ritmo das aulas.
A água oferece maior resistência aos músculos e ao aparelho respiratório por causa da pressão sobre o tórax. Trabalhos bem conduzidos em tese de mestrado como o de Ricardo de Almeida Castilho, 1994 mostram freqüência cardíaca e tensão arterial menor na posição ortostática (em pé) na água com a face emersa quando comparada às mesmas condições em terra. Isso sugere, como vimos na matéria anterior, podermos fazer um trabalho mais forte.
A hidroginástica acaba atuando também no fator psíquico por conta da sensação agradável que o meio proporciona inclusive nas pessoas que por vários motivos não gostam ou não sabem nadar. O mau humor é quase proibido.
Correr 400 metros na piscina com água até o peito pode consumir calorias equivalentes a 1500 metros em terra firme ou caminhar 4,5 km com água na altura da coxa pode consumir até 460 Kcal.
Segundo o fisiologista Turíbio Leite de Barros, da Universidade Federal de São Paulo, exercícios dentro d'água gastam uma quantidade de calorias uma vez e meia maior que na mesma modalidade no solo. A resistência oferecida pela água chega a oito vezes mais que a do ar. Andar calmamente por uma hora na piscina pode consumir até 700 calorias, o mesmo que correndo a 12 quilômetros por hora na esteira ou pedalando forte nas aulas de spinning ao som estridente de músicas pop.
A hidroginástica fez parte do plano de treinamento de grandes atletas como as corredoras olímpicas Florence Griffth (falecida), Jackie Kersse e Valerie Brisco. A treinadora Linda Huey da Universidade da Califórnia, na época elaborou um programa específico. Por aqui, há algum tempo, os técnicos ligados ao voleibol e ao futebol adotam essa opção por ser muito eficiente em amenizar as dores tardias e redução de lactato. As pessoas com necessidades especiais tais como as gestantes, os obesos e os idosos se beneficiam bastante. Os exercícios de respiração, a parte aeróbia da aula e os localizados preparam melhor física e psicologicamente as futuras mamães. A redução do impacto e as propriedades da água facilitam a movimentação do corpo produzindo uma gostosa sensação de capacidade de fazer exercícios sem sofrimento por causa do excesso de peso ou influência da idade. Comumente ouve-se a expressão "Me sinto leve e solto" nos praticantes dessa modalidade. Estudos eletromiográficos no músculo trapézio depois da aula comprovaram um estado de relaxamento na ordem de 50 a 70%. Especialistas advogam que a região do pescoço é a mais sujeita às tensões físicas e emocionais.
No caso das gestantes, dependendo do mês de gestação pode-se até programar exercícios específicos preparatórios para o parto envolvendo a musculatura da cintura pélvica.
A hidroginástica vem sendo utilizada com sucesso, como forma terapêutica nos casos de recuperação de algumas cirurgias, tais como implantação de prótese, ou de doenças como a osteoporose. O estresse ósseo estimula as células osteoblásticas, conseguido com movimentos utilizando braços de alavanca maiores ou acessórios que aumentem a resistência na água. A indústria de fitness vem desenvolvendo cada vez mais uma infinidade de equipamentos seguros para melhorar, a força e a resistência em todo tipo de atividade, inclusive a hidroginástica.
A indumentária também é importante. Touca opcional para proteger os cabelos e no caso das mulheres maiô inteiro. O biquíni pode não ser muito apropriado em determinados movimentos podendo criar situações embaraçosas.
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