Quando alguém resolve ir ao médico fazer um check-up fica logo assustado com os valores de colesterol, pressão arterial e glicemia, isso porque a cada década esses valores mudam para menos. Muda por que será? A quem interessa mudar? Baixar os índices é uma garantia de diminuir os riscos de acidente cardiovascular? Isso é o que pregavam. No entanto os últimos resultados de pesquisa não apontam nessa direção. A maioria das vítimas fatais de infarto tem taxas de colesterol “ditas” normais.
Há trinta anos, quando essa guerra começou, pesquisadores investigaram o que os povos longevos, (chineses, esquimós, japoneses e pigmeus africanos) tinham em comum. Pressão arterial abaixo de 12 por 8, colesterol total em torno de 130 e glicemia de no máximo 100. Com base nisso, a classe médica resolveu adotar esses valores como referência de risco cardíaco. Esqueceram do mais importante.
Chineses, esquimós, japoneses e pigmeus africanos têm estilo de vida e fonte de estresse diferente do resto do mundo.
Taxas de colesterol total supostamente mais altos não condenam de imediato o sujeito ao grupo de risco cardíaco. Depende do perfil de cada um e dos hábitos diários de qualidade de vida. A combinação do colesterol total um pouco mais alto com HDL (colesterol bom) mais alto por conta dos exercícios diários que uma pessoa faça é uma atenuante significativa. Nenhuma medicação até agora provou ser mais eficiente para aumentar o HDL do que o exercício. Em compensação, um sujeito com taxas “ditas” normais à custa de medicação, mas que não faz exercícios físicos e vive estressado, pode ser um candidato ao grupo de risco. Ou seja, o “tiro continua saindo pela culatra”. Muita gente, assustada com os índices alarmantes de colesterol resolveu baixar os valores à custa de medicação e nem por isso ficaram livres de serem acometidos por um acidente cardiovascular. Além disso, taxas muito reduzida pode ser tão nocivas quanto altas demais.
Em 2003 a população ficou alarmada ao ser noticiado supostos novos valores de Pressão Arterial. Diziam os artigos: “A partir de agora, para quem tem mais de 18 anos, a pressão arterial só é considerada normal se estiver abaixo de 12 por 8”. Ou seja, esse patamar, antes considerado normal, passava a ser uma pré-hipertensão.
É preciso ficar com o “pé atrás” e tomar cuidado com certas notícias alarmistas. Em primeiro lugar deve-se desconfiar de quem partiu a pesquisa, qual o interesse e quem financiou. Para algumas pessoas os novos índices são tão baixos sendo impossível atingi-los só controlando a alimentação tendo que recorrer a medicamentos com todos os seus efeitos colaterais.
As pessoas que praticam exercícios físicos de modo regular têm vida regrada, sempre tiveram pressão arterial 120 x 80 mmhg, nunca sentiram absolutamente nada, de uma hora para outra viram pré-hipertensos? Até mesmo valores maiores de pressão arterial tais como 140 x 90 mmhg podem até ser considerado normal dependendo também dos hábitos de vida da pessoa. Tenho alunos personalizados com esse valor, faz exercícios todos os dias, não exageram na comida e tem uma vida normal.
As recomendações com relação à prática de exercícios físicos, alimentação saudável e etc. não é nenhuma novidade. Todos deveriam fazer isso e os relatórios do Colégio Americano de Medicina Esportiva a partir de 95 já apontavam nessa direção como temos insistentemente comentado. Todo adulto deve pelo menos acumular 30 minutos de atividades físicas de intensidade moderada ou alta na maioria dos dias da semana. E mais. Não precisa ser de uma vez só. Dez minutos de manhã, dez no meio da tarde e dez de noite acumulam os trinta minutos desejados. Vale subir escadas dispensando o elevador, andar curtas distâncias em vez de usar o carro, assim como atividades mais formais e vigorosas, como correr, nadar, pedalar e fazer musculação.
Na verdade, em minha opinião, muito particular, o que realmente traz o maior malefício á saúde é o estresse que não sabemos controlar. O homem do campo bebe cachaça, fuma, cozinha com gordura de porco, come muito, mas não tem estresse e não se tem notícia de tanta morte súbita do coração.
É preciso ter cuidado e bom senso com certas informações principalmente na área da saúde. Nada pode ser levada ao “pé da letra”. Hoje vale, amanhã não vale nada. Muda tudo! Em quem acreditar?
Cartas para:
lcmoraes@compuland.com.br
Para refletir: Acreditar pouco é bobagem; acreditar em tudo é burrice porque opiniões demais afundam o barco. Moraes 2008
|