A Tribo dos Marombeiros

Desde que nasce o ser humano tem a necessidade de se juntar aos semelhantes e a partir de quando adquirem certa independência de movimento e comunicação formam seus grupos com regras bem definidas formais ou informais. As formais se baseiam em regras sociais eticamente discutidas e escritas. As informais, embora não sejam escritas, todos obedecem e quem se nega a cumprir é eliminado do grupo. Assim temos desde as brincadeiras de criança com as regras criadas e/ou adaptadas na hora, passando pelos adolescentes vestindo o mesmo tipo de roupas e ouvindo o mesmo tipo de música até os praticantes das diversas modalidades esportivas ou atividades físicas.

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Esses grupos informais popularmente são chamados de “tribos” existentes em todos os segmentos da sociedade. Nas academias de musculação um desses grupos são os chamados “marombeiros” onde visivelmente a hierarquia costuma ser postulada pelo tamanho dos músculos e/ou anos de experiência. Como todo grupo social eles têm algumas características e até regras comuns tais como: 
1) Se recusam a fazer qualquer outra atividade complementar ou substituir quando estão lesionados. 
2) Priorizam a musculação sobre qualquer compromisso a qualquer custo. 
3) Suportam mais as dores musculares e por isso treinam até sem condições. 
4) Quando por motivo de força maior são obrigados a parar demonstram irritação, depressão, ansiedade e etc. 
5) Experimentam um alívio imediato ao retornar à rotina de treinamento. 
6) Apesar do problema, têm consciência de que são viciados em exercício. 
7) Querem “malhar” sempre pesado não respeitando o repouso. 
8) Fazem dietas para se manterem com percentual de gordura sempre muito baixo para que seus músculos se tornem bem visíveis. 
9) Por vezes não respeitam e ignoram as orientações profissionais a menos que fale a linguagem deles. 
10) Alguns fazem uso periódico dos anabolizantes por ser a forma mais rápida e supostamente eficiente para crescer os músculos. Da mesma forma que o resultado vem rápido, parar de usar pode causar uma regressão levando invariavelmente à dependência.

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Os marombeiros, como eles mesmos autodenominam, acabam usando drogas ilícitas para de alguma forma se impor e se integrarem à sociedade pelos padrões da ditadura estética personificando Apolo, o Deus da Luz. Embora nem todos declarem usar, fica difícil à luz da ciência aceitar músculos tão desenvolvidos sem drogas.

Os anabolizantes para esse fim são drogas ilícitas porque só podem ser vendidas com receita médica. Até 1998 podiam ser compradas livremente em qualquer farmácia e a venda só foi regulamentada por conta dos vários casos de câncer, falência hepática, tumores renais, atrofia dos testículos, infertilidade, hipertensão arterial e até mortes ligadas ao uso indiscriminado e irresponsável.

Assim mesmo, alguns conseguem burlar as leis porque não são rígidas. Uma pesquisa realizada em 125 farmácias de Vitória (ES), entre abril e maio de 1993, constatou venda de 2409 caixas de anabolizantes sendo 1788 compradas sem receita médica. De qualquer forma é estranho 330 terem sido legalmente vendidas sabendo-se que esses medicamentos têm indicações restritas nos casos de atrofias musculares causadas por certos tipos de doenças ou acidentes traumáticos, anemias, alguns tipos de câncer, e casos de reposição hormonal, afirma o médico Luciano Resende, especialista em Esporte que conduziu o estudo.

Não dá para “tapar o sol com a peneira”. O problema existe tanto que há pouco tempo foi desbaratada mais uma quadrilha que vendia essas drogas em academia do Rio de Janeiro. Vários trabalhos fidedignos são facilmente encontrados na Internet feitos a partir de entrevistas informais em academias de diferentes bairros no Rio de Janeiro mostrando a maioria dos praticantes admitindo já ter usado a droga. Os entrevistados têm entre 18 e 30 anos, a maioria são homens, a metades mulheres e não dá para dizer que é falta de cultura, desinformação, pobreza, raça ou qualquer outro tipo de preconceito. Em um desses estudos os homens somam 58% universitários e as mulheres 61%.

A função social de nós, profissionais de Educação Física e órgãos de saúde é de modo incansável alertar e educar os jovens quanto aos malefícios que os anabolizantes causam ao organismo. Temos que ser claros, objetivos e por vezes até chatos ao afirmar que essas drogas deixam o sujeito forte, impotente e pode matar! A função de coibir investigar e prender é da polícia. Não é nossa função também discriminar. Sempre há uma chance de recuperar um viciado em drogas.

Cartas para: lcmoraes@compuland.com.br - Luiz Carlos de Moraes CREF1 RJ 003529

Para Refletir: "A impaciência é inimiga da esperança e por conseqüência da felicidade. Em um minuto põem-se tudo a perder." Adaptado de John Ruskin.
Sobre a Ética: A sociedade espera que cada um cumpra com o seu dever. Não atrapalhar quem cumpre e trabalha já é um bom começo. Moraes 2008.

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Texto copyright © 2008 por Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 003529
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