A nossa máquina humana tem um poderoso sistema sensorial funcionando como alarme, defesa e proteção das estruturas ao executarmos exercícios físicos. São os proprioceptores que enviam a todo momento informações ao sistema nervoso central. Quando alongamos um grupo muscular qualquer os proprioceptores funcionam ora contraindo a musculatura involuntariamente, ora relaxando.
No primeiro caso os fusos musculares entram em ação promovendo a contração involuntária quando forçamos o músculo além do normal. Se não existissem os fusos a gente ia alongando o músculo até arrebentar feito um elástico.
No segundo caso, a defesa se dá por ação dos Órgãos Tendinosos de Golgi, por serem sensíveis às alterações da tensão do músculo, ao contrário dos fusos, sensíveis ao comprimento muscular. Toda vez que as estruturas articulares correm, perigo uma mensagem é enviada à medula cuja resposta é o relaxamento da musculatura antagonista. Em síntese, os fusos musculares e os Órgãos Tendinosos de Golgi, são o mecanismo de defesa pra gente não passar dos limites. Claro, um outro mecanismo bem superior é o bom senso de cada um estando atento às respostas do corpo. Aprender a ouvir o corpo é fundamental em qualquer treinamento. O de
flexibilidade também.
Isso não quer dizer que não possamos melhorar essa valência física. Para isso existem métodos importantes que "jogam", por assim dizer, com as características desses mecanismos de defesa. Três são os métodos mais comuns: Balístico, Passivo e PNF. Vamos ver cada um deles.
O Balístico ou Ativo usa movimentos dinâmicos repetidos forçando amplitude máxima sem sustento da posição final. O que acontece? Os fusos musculares entram em ação provocando uma contração involuntária da musculatura agonista e que está sendo alongada. A conjugação da força dos agonistas e a capacidade de relaxamento dos antagonistas é que, segundo os estudiosos, propiciam maiores amplitudes. Entretanto, este método, segundo Farinatti e Monteiro 1992, entre outros, tem a desvantagem de maiores riscos de lesões e dores tardia.
O treinamento Estático ou Passivo a gente vai alongando devagar até o limiar da dor procurando sustentar a posição durante 15 ou 20 segundos.
Vários estudos citados por Dantas entre outros sugerem não haver nenhuma vantagem em ultrapassar esses tempos ou pelo menos, ainda não existem comprovação científica para recomendar tempos maiores. Este método respeita a ação dos fusos musculares que vão deixando aos poucos os músculos agonistas alongarem e os antagonistas relaxarem. Ou seja, numa linguagem bem popular, a gente vai pedindo licença aos fusos musculares pro músculo alongar. Este método tem a vantagem de melhor controle sobre a dor, é fácil de se trabalhar e tem menos possibilidades de dores tardia e lesões. Só deve ser levado em conta a questão da especificidade do desporto. Para algumas modalidades a flexibilidade pode não ser valência física mais importante.
O treinamento de Facilicitação Neuromuscular Proprioceptiva (PNF) é mais conhecido por 3S, do inglês (Scientific Stretching for Sports) foi introduzido por Knott e Voss (1968) e mais divulgado por Holt (1974).
Este método, "engana", por assim dizer, os fusos musculares e os Órgãos Tendinosos de Golgi. Ou melhor, usa as suas propriedades para promover maiores ganhos de amplitude. Para execução é preciso ter a ajuda de outra pessoa. Leva-se o movimento até o limite da dor. Nesse momento entra naturalmente em ação os fusos musculares contraindo a musculatura. Aí, à pessoa que está sendo alongada pede-se pra que ela faça uma contração voluntária por 6 a 8 segundos anulando a ação dos fusos. Quando a pessoa cessa a contração a musculatura terá aumentada a flexibilidade porque os fusos foram "enganados". Logo depois eles entram em ação novamente. O mesmo acontece com os Órgãos Tendinosos de Golgi. Durante a contração voluntária dos 6 a 8 segundos eles são desativados permitindo uma significativa mobilidade articular.
Como os outros métodos, deve-se levar em conta a justificativa da necessidade de flexibilidade máxima como por exemplo a ginástica olímpica competitiva. O PNF tem a vantagem de ganhos rápidos mas oferece um risco maior de lesão e necessita-se de outra pessoa consciente e sensível para ajudar.
Saiba
mais:
Alongamentos ajudam a performance do corredor?
Alongamentos
Maratona: força e flexibilidade
Musculação melhora a flexibilidade
Flexibilidade
Automassagem para corredores
Aquecimento para maratona
Alongamentos antes do treino ou só depois?
Alongamentos eficientes
Yoga - Dicas para prática e alívio do estresse
Cartas para essa coluna:
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 3529 - E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Para Refletir: Não é só o corpo que precisa de flexibilidade. Pessoas de personalidade flexível convivem melhor com seu grupo social.
Sobre a Ética: Atitude eticamente correta começa pela pontualidade e exemplo.
|