Natação também tem história

Natação - CDC Public Health Image Library (PHIL)

Diz um adágio popular que "a necessidade faz o sapo pular". Pois bem. Entre os esportes mais praticados pelo ser humano, um é a natação que surgiu da necessidade do homem primitivo ter que se lançar nas águas dos rios atrás de sua subsistência ou simplesmente ter mesmo que transpor as águas em função do nomadismo de alguns povos. Por isso, nadar é preciso mas é uma atividade que depende de aprendizado. O ser humano, ao contrário de certos animais, não nasce sabendo nadar.

O grande filósofo grego Platão, um dos maiores pensadores da história, aos seus discípulos dizia: "todo homem culto deve saber ler, escrever e nadar". Imaginem se a moda pega. Na Grécia antiga, uma tal lei 689 definia o cidadão educado quando ele sabia ler e nadar. Os soldados romanos já usavam a atividade de forma terapêutica para amenizar as dores ou atrofias musculares em virtude dos pesados exercícios que faziam para a guerra.

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Entre as histórias da intimidade com a água, não raras são citadas as brincadeiras e banhos medicinais dos povos da Grécia e Egito criando competições com intuito de passar o tempo.

Dizer exatamente quando o ser humano começou a nadar, a própria história se perde no tempo mas os alfarrábios descrevem passagens interessantes como a façanha de Leandro que todas as noites, para ver sua amada Hero, atravessava a nado o Helesponto (hoje Estreito de Dardanelos que liga o mar Egeu ao mar negro) guiado por uma tocha acesa por Hero. Numa noite de tempestade o vento apagou a tocha e Leandro faleceu perdido nas águas. Sua a amada teve o mesmo fim ao tentar encontrá-lo.

Entretanto, durante a Idade Média, com a ascensão do cristianismo, um verdadeiro atraso na Educação Física, chamada por alguns autores de Idade das Trevas, para a natação não foi diferente. A doutrina condenava o culto ao corpo e na Europa os banhos coletivos e as termas foram proibidos pois eram tidos como incentivo ao vício e depravação. Para que as pessoas temessem a natação era disseminada a informação de que as piores doenças eram transmitidas pela água. Mais ou menos como a velha história dos senhores dos engenhos que inventaram a história de que leite com manga faz mal para evitar que os escravos bebessem o leite da fazenda. Mas lá do outro lado do mundo, no Japão, o Imperador obrigava todas as escolas à prática da natação. Somente a partir de 1700 é que a atividade retomou a sua popularidade no mundo.

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Alguns estudiosos levantam a hipótese de que nadar é uma atividade inata ao ser humano por conta da própria evolução tornando-se bípedes na posição vertical. Daí a dificuldade de realizar uma atividade na posição horizontal sendo mais fácil correr, saltar e arremessar, movimentos básicos do atletismo. Por isso, aprender a nadar não é tão simples assim e não é a toa que os melhores profissionais gastam muito tempo no aprimoramento da técnica e domínio dos princípios fundamentais que regem a atividade: intimidade com a água, flutuação, respiração, propulsão, mergulho e deslize.

Talvez os primeiros nadadores tenham se inspirado na observação dos movimentos naturais dos animais e o estilo mais conhecido e praticado, o crawl, evoluiu a partir do nado de peito e este a partir do conhecido "cachorrinho" citado desde o século XIX na França. O nado de crawl é atribuído ao inglês Frederick Cavill que antes da virada do século o aperfeiçoou observando os nativos da região do Ceilão nadando uma espécie de peito alternando os braços e um forte movimento de pernas. Cavill criou então o "crawl australiano" cujas características principais eram o grande deslizamento numa posição mais horizontal, pernas esticadas e alternância dos braços. Daí para frente os americanos passaram a se dedicar ao aperfeiçoamento da técnica e hoje a cada Olimpíada os recordes não param de cair. As piscinas ficaram mais modernas e vários equipamentos foram criados para melhorar e treinamento.

As crianças das cidades ribeirinhas ou praianas aprendem a nadar sem técnica seguindo naturalmente essa ordem de primeiro flutuar, depois nadar uma espécie de peito misturado com "cachorrinho" para em seguida se deslocar alternando os braços ainda com a cabeça fora d'água para no final ficar totalmente na horizontal imitando os mais velhos e experientes. As crianças das metrópoles aprendem seguindo toda uma seqüência de desenvolvimento motor e com técnica aperfeiçoada nas escolas de natação baseada nos estudos de biomecânica e propriedades da água.

É isso aí moçada da geração saúde. Saudações aquáticas.

Cartas para: lcmoraes@compuland.com.br

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Texto copyright © 2010 por Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 003529
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