Bom, até agora vimos nessa série sobre obesidade os fatores relacionados com o mecanismo de ganho e ou dificuldade de perda ponderal. Mostramos também as conclusões científicas atuais sugerindo que para
emagrecer de forma eficiente por longo período, só o controle alimentar é ineficiente e isso já é quase um consenso entre os especialistas. Embora a gordura corporal continue a ser um grande problema, uma das conseqüências já notadas é que o americano nos últimos anos está ingerindo de 5 a 10% menos
calorias em todas as idades mas, nem por isso a obesidade diminuiu. Entretanto, o sedentarismo aumentou em proporções alarmantes levando os especialistas à conclusão da obesidade estar mais relacionada à falta de atividade física e não à ingestão excessiva de alimentos. É muito prematuro relacionar obesidade com comer muito.
Cada vez mais as evidências mostram a importância dos exercícios no controle ponderal chegando a ser mesmo o suporte de qualquer dieta.
Atualmente temos visto defesas particulares dessa ou aquela modalidade esportiva principalmente quando tentam confrontar aeróbios contra anaeróbios. Entretanto, pode-se indicar qualquer atividade como sendo boa por contribuírem para a perda de calorias mas, os aeróbios ainda são os campeões quando se trata de perda de peso. Eles são capazes de recrutar maior número de grupos musculares e maior dispêndio de energia por unidade de tempo além dos benefícios bem estabelecidos pela ciência com relação à diminuição do colesterol, pressão arterial
e da glicemia. A maior prova disso, é que nas academias, entre tantas opções de atividades, o spining ou ciclismo "indor" vem se tornando uma das mais eficiente para emagrecer, desde que, bem conduzida pelos profissionais. Claro, não é a atividade específica para desenvolver
massa muscular, a não ser, no caso do spining, os músculos das pernas conforme a carga e o fundamento da aula. A corrida, seja na
esteira ergométrica ou ao ar livre, é tão boa e eficiente quanto o ciclismo e a opção deve ficar por conta da preferência pessoal.
Já anda caindo por terra a idéia de que para se perder gordura é preciso fazer exercícios aeróbios por mais de 30 minutos seguidos. Se o objetivo é emagrecimento, emagrecimento representa perda de calorias (Kcal) e perda de calorias representa atividade física contínua, duas vezes 30 minutos de atividades no dia, considerando gasto colórico o resultado é o mesmo de uma hora. Segundo dados do Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM, 1995), um quilo de gordura eqüivale aproximadamente a 7700 kcal. Isso significa dizer que pelo menos teoricamente uma atividade diária de 400 Kcal, aí não importando se é de uma vez só ou em duas, pode-se perder 1,58 kg em um mês. A mesma regra vale para quem anda ingerindo mais calorias do que gasta. Pode-se facilmente engordar quase 2 quilos em um mês. É muito difícil para quem não faz atividade física controlar certinho essa ingestão e gasto de calorias só na base da dieta. O complexo de culpa se faz muito mais presente.
Como todo assunto de cunho científico este também gera controvérsias e os fatores a serem mesmo levados em conta na questão do melhor exercício para emagrecer é a freqüência, duração e intensidade. Sobre isso, Power & Howley (1997) publicaram uma boa revisão citada em 1999 pelo Prof. Dr. Tony Meireles dos Santos. O trabalho relata que uma atividade na intensidade de 30% do VO² Máximo, portanto baixa, a recuperação da energia (ATP) vem do metabolismo das gorduras. À medida que a intensidade aumenta essa energia vai passando a ser fornecida pelo metabolismo dos carboidratos. Isso pode estar relacionado a dois fatores: um é o recrutamento das fibras musculares de contração rápida e o outro é a liberação hormonal da adrenalina e noradrenalina.
No primeiro caso, tais fibras musculares possuem menor reserva de triglicerídeos e menor capacidade de metabolizar gorduras e maior de carboidratos. O segundo fator, tem a ver com as concentrações de
lactato em função do aumento da intensidade. O lacto inibe a ação da enzima lipase que no final das reações induzem a glicose assumir a posição de combustível principal.
Com relação à duração, a teoria de suporte de maior gasto de gorduras à medida que o tempo de permanência aumenta, diz respeito ainda à adrenalina, noradrenalina e glucagon interferindo na taxa de quebra das gorduras (lipólise).
A mesma teoria ainda fala na insulina que tende a diminuir com a duração da atividade, hormônio secretado pelo pâncreas, com importante função no metabolismo dos açúcares. Diminuindo a sua oferta o corpo passa a gastar gorduras em vez de açúcares.
Bom, a literatura na verdade mostra trabalhos bem documentados defendendo tanto os exercícios aeróbios como os anaeróbios e de alta intensidade nessa questão de gasto de gorduras.
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