Oxitocina e o poder do amor: abraços e afagos têm efeitos na sua saúde

Mãe abraçando seu filho - NIH

Com que frequência você abraça? Pesquisa recente mostra que isso é bom para sua saúde. Entre namorados, pais e filhos, ou até com amigos próximos, afeição física pode ajudar o cérebro, coração e outros sistemas do organismo que você provavelmente nunca imaginou.

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Por séculos, artistas têm explorado o amor através de poesias, pinturas, músicas e outras formas de arte. Há poucos anos, cientistas financiados pelo NIH (National Institutes of Health) começaram a entender a química e biologia do amor.

No centro de como nosso corpo responde ao amor e afeto está um hormônio chamado oxitocina. A maioria da oxitocina no corpo é fabricada na área do cérebro chamada hipotálamo. Alguma oxitocina é liberada na corrente sanguínea, mas a maioria dos seus efeitos residem no cérebro.

Oxitocina o faz sentir-se bem quando está próximo da família e de outros que gosta, incluindo animais de estimação. Isso acontece através do que os cientistas chamam de sistema de recompensa da dopamina. A dopamina é uma substância do cérebro que desempenha um papel crucial em como percebemos o prazer. Muitas drogas ilegais agem através desse sistema. Problemas no sistema de recompensa da dopamina podem ocasionar depressão séria e outros problemas mentais.

Oxitocina tem outras funções além de nos fazer sentir bem. Ela diminui os níveis dos hormônios de estresse no corpo, reduzindo a pressão sanguínea, melhorando o humor, elevando a tolerância à dor e talvez até mesmo acelerando a recuperação de lesões. Oxitocina também desempenha papel importante em nossos relacionamentos. Por exemplo, ela tem sido relacionada ao quanto confiamos nas outras pessoas. 

Dra. Kathleen C. Light, da Universidade da Carolina do Norte, estuda a oxitocina em pessoas casadas e que vivem juntas. Ela e colegas convidaram casais ao laboratório e pediram para gastar 10 minutos de mãos dadas e conversando sobre lembranças felizes, geralmente como se conheceram e se apaixonaram. Dra. Light explica: “o que tentamos fazer em uma situação de laboratório foi recriar algumas experiência da vida real quando nos sentimos próximos a alguém”. 

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Os casais então tiveram amostras de sangue recolhidas e preencheram um questionário sobre a qualidade de seu relacionamento. Quando os pesquisadores compararam as respostas ao nível de oxitocina no sangue, descobriram que as pessoas que tinha um relacionamento mais positivo com seu parceiro possuíam níveis maiores de oxitocina.

Dra. Light e seus colegas estão agora tentando entender como conflitos e outros fatores no relacionamento afetam os níveis de oxitocina dos casais. 

Uma coisa que os pesquisadores podem afirmar com certeza é que contato físico afeta os níveis de oxitocina. Dra. Light diz que pessoas que recebem muitos abraços e outros contatos calorosos em casa, tendem a possuir níveis maiores de oxitocina nos testes em laboratório. Ela acredita que contatos calorosos frequentes podem de alguma forma aprimorar o sistema de oxitocina e acelerar o seu funcionamento sempre que houver contato caloroso, até em um laboratório. 

Isso também é verdadeiro para mães e suas crianças: ambas produzem níveis maiores de oxitocina quando têm muitos contatos calorosos entre si. Dra. Light diz: “aquelas mulheres que abraçam seus bebês mais em casa possuem respostas maiores quando abraçam seus bebês no laboratório”.

Muito do que sabemos sobre a oxitocina vem de pesquisas com animais. Mães ratas, por exemplo, pode estimular oxitocina em seus filhotes ao lambê-los e arrumá-los. 

Quando os pesquisadores separaram os filhotes das suas mães por 10-15 minutos por dia e então os reuniram, algumas mães ficaram tão felizes de ver seus filhotes que os lamberam intensamente. Porém, se a separação durava por várias horas ela podia ter efeito oposto: a mãe não lambia seu filhote. Algumas mães nunca mais lamberam seus filhotes quando eles retornaram.

Os filhotes que eram muito afagados quando retornavam às mães ficaram mais confortáveis explorando novos ambientes. Já os ignorados pelas mães desenvolveram mais transtornos de ansiedade, produziram níveis maiores de hormônios de estresse e tiveram a pressão sanguínea elevada.

Pesquisas em outros animais, incluindo macacos, confirmaram que a qualidade dos cuidados da mãe pode ter efeitos em longo prazo sobre a personalidade, saúde mental e também problemas físicos como doenças cardiovasculares.

Pesquisas em animais também estão iluminado o papel da oxitocina nos relacionamentos sociais. Camundongos com falta de oxitocina não reconhecem outros de suas espécie, mesmo após encontros repetidos. Porém, quando dada oxitocina, eles puderam reconhecer outos camundongos novamente.

Dra. Sue Carter, co-diretora do Brain Body Center na Universidade de Illinois, tem estudado oxitocina em um tipo de roedor chamado arganaz do campo, o qual forma ligações fortes entre casais. Quando os pesquisadores bloquearam o oxitocina, os arganazes do campo não formaram essa ligação. Oxitocina é especialmente importante para fêmeas formarem ligações com seus parceiros. Nos machos, um hormônio relacionado chamado vasopressina também tem influência na formação de ligação com a parceira.

Entretanto, oxitocina e vasopressina não são substâncias miraculosas. Dar esses hormônios a outros animas que não formam ligações entre casais, não os fez desenvolver esse tipo de relacionamento. Os animais devem ter os genes apropriados para responder a esses hormônios. 

“A maioria de nós é geneticamente programada para formar ligações sociais”, dra. Carter explica, relacionando os resultados às pessoas. Porém, a capacidade de formar ligações próximas é moldada por experiências anteriores, ela diz. No final, uma interação complexa entre genes e experiências faz algumas pessoas formarem ligações sociais mais facilmente do que outras.

Podemos não entender ainda completamente como amor e afeição se desenvolvem entre as pessoas, ou como afetam nossa saúde, mas os pesquisadores estão nos dando algumas informações. Dê àqueles que ama toda afeição que pode. Isso não fará mal e pode trazer um pacote de benefícios à saúde. 

Efeitos do amor e afeição na saúde

Amor e afeição podem tem muitos efeitos positivos, tanto mentais como físicos, que têm sido relacionados ao hormônio oxitocina. Muitas das pesquisas em pessoas ainda são preliminares, porém Dra. Light diz que certamente não fará mal seguir algumas sugestões dos pesquisadores:

* As mães devem ter o máximo de contatos calorosos com sua crianças, especialmente durante as primeiras semanas de vida.

* Mães que tiveram parto cesáreo podem precisar dar ainda tempo de contatos calorosos com seus filhos, uma vez que eles não tiveram a elevação na oxitocina proporcionada pelo parto normal.

* Casais que têm contatos calorosos várias vezes por dia (abraços, mãos dadas, sentar próximos, etc.) têm maiores níveis de oxitocina.

* Alguns estudos têm mostrado declínio nos hormônios de estresse tanto para a pessoa que recebe quanto a que faz massagem.

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Créditos:
Tradução: copyright © 2016 por Helio Augusto Ferreira Fontes
Texto: NIH - National Institutes of Health