Resposta do
Professor Luis Tavares
A base é um período de treino considerado um dos mais importantes da temporada. Como o próprio nome diz, você tem que ter uma boa base e consistência no treinamento para não se “quebrar”.
É como por exemplo uma construção de um prédio, se o prédio não tiver uma boa base ela desaba. Quem faz uma boa base basicamente fica imune de possíveis contusões no meio da temporada.
O treino de base é um treinamento geralmente feito em inicio de temporada após o período de transição ( férias) e esse tipo de treino tem duração de 6 a 8 semanas e damos ênfase para trabalhos de fortalecimento muscular e volume. A intensidade é descartada nesse período.
Abaixo um exemplo de um treino neste período:
Segunda : descanso.
Terça feira: Circuito Training – Treino com exercícios específicos intervalados com corrida leve, tem a finalidade do desenvolvimento da resistência muscular localizada.
Quarta : 12 km leve
Quinta feira : Trabalho misto – treinos alternativos incluindo
fartlek, rampa, saltos, mini circuitos, elástico etc, tem a finalidade do desenvolvimento da resistência muscular e preparação geral.
Sexta: 12 km leve
Sábado Usp: Longão + tiros específicos na Biologia, tem a finalidade do desenvolvimento do trabalho de resistência aeróbia e resistência muscular. O treino mais importante para quem pretende correr uma maratona.
Domingo 8 x 800 m em Rampa : Tem a finalidade do desenvolvimento de força e resistência aeróbia e muscular.
Professor Luis Tavares
Telefone: (11)3159-8456 - e-mail: e.c.tavares@uol.com.br
site: https://www.ectavares.com.br
Resposta do treinador
Nilson Duarte Monteiro
É o alicerce para uma temporada sem lesões e sem sobressaltos. É o condicionamento para agüentar os treinos de polimento e encarar a temporada de competições.
Vocês já viram uma casa ficar muito tempo de pé sem um bom alicerce? Ninguém consegue ir direto para a Faculdade sem primeiro ter feito uma base, ou seja, o ensino fundamental. Ninguém nasce sabendo, precisamos de um trabalho de base, aprender. Assim, acontece com o nosso corpo. Se vocês querem exigir mais do organismo, do corpo como um todo, tem que se fazer um trabalho de fortalecimento, de base.
Quando eu era atleta, ou depois como técnico, meu trabalho de base consistia de quatro meses, sendo as quatro primeiras semanas basicamente de corridas longas em ritmo lento para enrijecer a musculatura e tendões. Nas oito semanas restantes, eu dava ênfase ao trabalho de força natural, com corridas em montanhas, circuitos em dunas de
areia, cross-country e duas vezes na semana trabalhos com ferro (academia) com repetições de 20% da carga máxima. Nas quatro semanas finais introduzia o fartlek. Esse trabalho é direcionado para corredores de meio-fundo e fundo, para velocistas a história muda de figura.
Hoje em dia devido ao grande número de provas, os técnicos adotaram ciclos menores de periodicidade. Quanto que na minha época só a base durava quatro meses, o trabalho intermediário dois e o polimento ou fase competitiva mais dois meses, perfazendo uma periodicidade de oito meses, hoje se faz esse trabalho todo em apenas quatro meses. Uma coisa tem que se deixar bem claro, os técnicos que utilizam esses micro-ciclos de trabalho, o fazem com atletas que tem um bom lastro de treino. Para que o atleta possa suportar esses trabalhos atuais, micro-ciclos de quatro meses, eles terão que ter passado no mínimo uns quatro anos de trabalhos da forma antiga, ou seja, a famosa base na sua vida atlética, ou lastro como queiram, periodicidades de 8 a 9 meses por ano, até atingir a maturidade atlética.
Vejo muitos atletas terem suas vidas atléticas encurtada por não terem passado por esse período de base no começo de suas carreiras. Depois de apenas um ano, muitas vezes menos que isso, já partirem para o micro-ciclo, aí não há organismo que agüenta.
A base não é apenas um trabalho de fortalecimento no começo da periodicidade, ela se faz também no começo da carreira atlética.
É isso, poderia ficar aqui contando diversas histórias de atletas que pecaram em não fazer uma boa base de começo de carreira e também nas suas periodicidades e ter que encerrar sua carreira por causa de lesões, tudo por causa da pressa em querer melhorar e não atentar para o mais elementar, a base.
Como na estória dos Três Porquinhos, o atleta que faz uma boa base se assemelha ao porquinho Prático que construiu sua casa de tijolos e suportou as investidas do Lobo Mau. Aquele atleta que não se preocupa com a base, pode ficar esperto, como fez os porquinhos Heitor e Cícero que construíram suas casas de palha e madeira, o Lobo Mau veio e as derrubou.
Nilson
Duarte Monteiro - e-mail: nilsondm@uol.com.br
Resposta do
Professor Carlos Gomes Ventura
O termo base é por si só bastante explicativo, a base, o alicerce, a estrutura, a segurança de uma construção, faz com que esta construção seja sólida e perene.
No caso da preparação física especificamente, o termo base é usado para comparar com o que citei anteriormente, construção sólida, perene etc. etc.
Muitos treinadores de atletismo costumam fazer uma analogia do treinamento de base com a construção de uma pirâmide, pois para que ela seja maior sua base deve ser também maior.
Em todo treinamento de base , nós treinadores procuramos orientar nossos atletas no sentido que aumentem suas condições aeróbias, essencialmente os corredores de longas distancias, os maratonistas, os corredores de rua, pré temporada, para que procurem correr com freqüências cardíacas programadas e continuas para uma hipertrofia adequada (Vaan Aken, fisiologista austríaco defensor do trabalho em steady state)
O treinamento em steady state é o trabalho onde o corredor faz uma corrida com freqüência cardíaca determinada, o volume de oxigênio inspirado é igual ao volume de oxigênio expirado, isto provoca uma melhor condição cardiovascular e conseqüentemente um trabalho do coração mais seguro.
Da mesma forma que trabalhamos um músculo com cargas, e o músculo depende destas cargas, o coração que é um músculo involuntário trabalha sua condição de força através dos batimentos cardíacos provocados pela corrida, em regime aeróbio ou anaeróbio.
Especificamente para corredores de longas distancias esta é a receita mais adequada para que a base seja bem feita, logicamente outras determinantes são necessárias como alimentação, trabalho de força com aparelhos, ou terrenos acidentados, jogos coletivos como volley, basket,
futebol, natação. Cada treinador tem sua filosofia de trabalho e devemos respeita-la.
Entretanto o treinamento de base significa condicionamento para uma programação anual, sem intercorrências de problemas de
distensões, insegurança com relação a performances e resultados e lesões de forma geral.
Treinamento de base é a segurança de quem treina e de quem é treinado
Treinamento de base é o mínimo necessário para a complementação de qualquer programação não empírica do atleta.
Carlos Gomes Ventura
Telefone: (11)3686-5384 - blog: carlosventura8085.blogspot.com - e-mail: cgventura@uol.com.br
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Manual do Corredor - A Grande Pirâmide
Carlos
Ventura é um dos treinadores brasileiros de maior sucesso. Em seu novo livro, Carlão responde às indagações mais comuns entre nós
corredores. A sabedoria de décadas de experiência do Carlão são passadas de forma simples e clara para corredores de todos os níveis de performance.
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