Estrangeiros nas provas de rua do Brasil

Pergunta: Você é contra ou a favor dos estrangeiros nas provas de rua do Brasil?

Resposta do Professor Carlos Gomes Ventura

Terminada mais uma edição da Corrida Internacional de São Silvestre, assistimos novamente a hegemonia de corredores estrangeiros, especialmente africanos. Principalmente na prova masculina, pois na prova feminina, nossas atletas ombrearam-se com as africanas e mostraram uma excelente qualidade técnica, imagine a Derartu Tulu, medalha de ouro em duas olimpíadas, ficou atrás das brasileiras.

Marili dos Santos em excepcional forma disse após a prova que enfrentava as africanas de igual para igual. A nossa querida Zeferina Baldaia disse o mesmo. 



Nossas atletas brasileiras não estavam preocupadas com prêmios, mas sim com qualidade técnica. Penso como elas, você somente melhora enfrentando os melhores.

Ganhar prêmios simplesmente vencendo atletas medíocres não valoriza ninguém. Campeões brasileiros evidenciaram-se vencendo africanos, Ronaldo em Berlim, Emerson na São Silvestre, Marilson em Nova York , Diamantino em Milão, José João em Boulder, Baldaia em Milão.

Na verdade estes atletas estiveram sempre procurando melhor nível técnico. Na década de 80/90, pelo São Paulo F.C. íamos para a Europa e América do Norte para enfrentar os melhores da África, perdíamos, ganhávamos, sem preocupação com premiação. E nessa vida de nômade melhorávamos sempre.

Atualmente a grande preocupação é Londres 2012 e Rio 2016. Não existe melhor teste para os brasileiros em provas de fundo, do que medir-se com atletas provavelmente ou talvez melhores.

Prefiro ser um profissional considerado técnico do que apenas treinador. Os profissionais do atletismo devem procurar performance e não a mediocridade de um troféu, uma medalha, ou uma reportagem esportiva.

Volto a afirmar que a restrição da participação de estrangeiros, especialmente africanos, em provas de rua, é correr na contra mão da inteligência.
Imaginemos por exemplo, que os organizadores da Maratona de Nova York, limitassem a participação de brasileiros. Por isso preocupado com a nossa melhoria técnica, sou a favor da participação, sem restrições, de estrangeiros.

Vamos imitar a Marili, a Baldaia e corrermos bem preparados, sem medo de perder prêmios.

Carlos Gomes Ventura (Carlão) blog, Telefone: (11)3686-5384, e-mail

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Resposta do treinador Nilson Duarte Monteiro

Sou totalmente a favor da participação de estrangeiros nas corridas de rua no Brasil e sou totalmente contra a limitação desses atletas como quer a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo) na sua Norma nº 9, pois isso demonstra a segregação com relação aos estrangeiros. Sou a favor, mas dentro da lei.

Há dez anos foi editada a Resolução Normativa nº 33 do Conselho de Imigração, onde em seu "Art. 5º Poderá ser concedido visto de turista aos participantes de competições desportivas e concursos artísticos que não venham receber remuneração nem "cachet" pagos por fonte brasileira, ainda que concorram a prêmios, inclusive em dinheiro.

Parágrafo único. A solicitação de visto de que trata este artigo será feita diretamente pelo interessado à Repartição Consular brasileira com jurisdição sobre o local de residência do interessado, com apresentação de carta-convite dos organizadores do evento e demais documentos pertinentes à solicitação de visto de turista".

Contudo, poucas vezes esse artigo foi aplicado corretamente. A atleta brasileira, Fabiana Cristine do Clube BM&F, se sentiu lesada nos seus direitos e em 2005, na Corrida de Reis de Cuiabá recorreu a Resolução Normativa nº 33 para que seus direitos fossem preservados e, ganhou a causa que impetrou contra os organizadores da corrida, TV Centro América, afiliada da Rede Globo de Televisão, no Supremo Tribunal Federal.

Pois bem, mesmo com essa vitória da Fabiana nos tribunais, os organizadores continuam a ignorar os preceitos da Resolução nº 33, violando de forma acintosa, pagando cachet para atletas estrangeiros, valendo-se de uma norma da IAAF (Federação Internacional de Atletismo Amador), a qual o atleta estrangeiro que tivesse seu registro todo em ordem na Federação de Atletismo de seu país e autorização da Confederação Brasileira de Atletismo estariam liberados para competirem no Brasil. Os organizadores brasileiros de competições, valendo-se dessa autorização, simplesmente burlaram as leis brasileiras de imigração e do Ministério do Trabalho para trazerem atletas de outros países pagando transporte, estadia e alimentação (que caracteriza uma espécie de cachet) para competirem no Brasil indo totalmente de encontro com o Artigo 5º, parágrafo único, da referida Resolução.

Há um ano um atleta queniano veio a falecer num corrida em Goiânia, o que deixou nossa Confederação de Atletismo de orelha em pé quanto a participação desses atletas sem controle nenhum por parte das autoridades competentes, inclusive a própria CBAt e após anos de reclamação dos atletas pela participação desenfreada de estrangeiros nas corrida de rua pelo Brasil afora. Ciente do problema, a CBAt resolveu regulamentar a participação estrangeira nas corridas e eventos brasileiros, ou seja segregando a participação dos corredores estrangeiros, mas, não fiscaliza se os organizadores estão cumprindo o que reza a Resolução nº 69, substituta da nº 33, ou seja, a participação está limitada a um certo número de estrangeiros por prova, mas, a farra de trazer atletas com tudo pago, burlando o parágrafo 5º da Resolução continua.

Se as autoridades não fiscalizarem, a farra vai continuar. Em vez dos organizadores e managers trazerem só quenianos, como vem acontecendo nos últimos anos, começarão a diversificar, trarão tanzannianos, etíopes, ugandenses, etc.

Eu sou testemunha viva de que as autoridades competentes para essas fiscalizações, estão fazendo vistas grossas. Em 2006, fui a Polícia Federal pedir para que mandassem alguém verificar se a documentação dos atletas estrangeiros estava toda em ordem, tipo, visto de permanência, carta-convite dos organizadores, autorização do Ministério do Trabalho para pagamento de cachet e, sabe o que me disseram? "meu amigo, temos coisas mais importantes para fiscalizar. Deixe os atletas correrem em paz". Não sou contra a participação estrangeira nas competições brasileira, pelo contrário, só quero que as leis sejam cumpridas, pois, sou um contribuinte e cumpro com o meu dever e minhas obrigações, e queria que todos o assim fizesse, mas, sendo o Brasil, onde rios de dinheiro vão para o ralo de paraísos fiscais e ninguém faz nada, era de se esperar uma resposta dessa.

A Polícia Federal pode até ter um pouco de razão, pois, ela tem coisas mais importantes para fazer, tais como, combater o narcotráfico, a pedofilia, etc, mas, eu penso que a evasão de divisas, a sonegação fiscal impera nesse meio atlético, organizadores de competições, managers e dos próprios atletas, pois, se as autoridades competentes não se preocupam em fiscalizar a regularidade da participação deles, o que não rolará por trás de tudo isso? Sei de casos de atletas estrangeiros que vivem no Brasil em condições quase de escravidão, subalimentados, explorados.

As autoridades tem que dar um basta nisso, colocar ordem no galinheiro, pois estamos vivendo a escravidão africana, novamente, em pleno século XXI.

Para finalizar; a vinda dos estrangeiros é bem vinda, pois estimula nossos atletas a treinarem mais e melhorar seus resultados, porém, a coisa não acontece como deveria, ou seja, dentro da lei, aí a grita dos atletas brasileiros não é em relação a lei, mas que estão perdendo dinheiro para os estrangeiros. Já que os atletas brasileiros querem limitar a participação estrangeira nas corridas, deveriam exigir que lei fosse cumprida, pois encareceria a vinda doa atletas de fora.

Que venham os corredores de fora, mas dentro da lei.



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Resposta do Professor Luis Tavares

Sou a favor, pois a presença de estrangeiros farão com que aumente ainda mais o nível técnico no Brasil, se hoje os quenianos por exemplo, prevalecem nas provas de rua, é hora de reciclarmos, aprimorarmos a cada dia e usar a presença desses quenianos como um fator motivacional para que possamos treinar mais e mais para supera-los em um dia e com isso estaremos melhorando nos tempos a nível internacional.

Precisamos largar essa hipocrisia de acomodarmos e sim acordarmos e pensarmos grande e irmos a luta para configurarmos entre os melhores no cenário internacional, ainda mais a Olimpíada que será aqui no Brasil e temos que mostrar que somos grandes.

Professor Luis Tavares
Telefone: (11)3159-8456 - e-mail: e.c.tavares@uol.com.br - site: https://www.ectavares.com.br


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