A ciência brasileira cresceu rapidamente e amadureceu, nos últimos vinte anos, e agora prepara-se para colocar o conhecimento científico acumulado nesse período a serviço do desenvolvimento tecnológico. “Hoje, o grande desafio é unir a universidade à
indústria”, disse o professor Afrânio Aragão Craveiro, da Universidade Federal do Ceará, em entrevista à Rádio Nacional.
Um dos muitos nomes que vêm se destacando nessa nova fase da ciência brasileira, Craveiro é
reconhecido no Brasil e no exterior por suas pesquisas com a quitosana
— uma fibra retirada da cabeça do camarão e da lagosta. Seu trabalho de Craveiro mostra que a pesquisa brasileira quase sempre se destaca quando busca inspiração na realidade do País.
Com cerca de 120 pesquisas científicas e artigos publicados, Craveiro acha difícil apontar um único trabalho como o mais importante. “Algumas pesquisas que nós consideramos relevantes, por exemplo, são as que nós realizamos com a
quitosana que é uma fibra retirada da cabeça do camarão e da lagosta, aqui no Ceará.
Essa é uma pesquisa extremamente importante porque é regional e contribui para o desenvolvimento regional. É uma pesquisa que agrega valor a um subproduto da caatinicultura. Com ela, o grupo do Ceará se destaca no mundo, como um dos pioneiros nesse campo”.
A quitosana é um grande achado: pode ser utilizadas em um número muito grande de aplicações, uma delas é o controle da
obesidade. No Brasil ela é comercializada para as pessoas que querem perder peso. “Utiliza-se a quitosana pelo fato de ela ter afinidade com a gordura, e elimina essa gordura armazenada no organismo”, explica o cientista.
Fora do Brasil, a quitosana é extremamente utilizada na Ásia, no Japão, na China, na Coréia e nos Estados Unidos. Craveiro conta que, além de eliminar
gordura, ela tem propriedades impressionantes, algumas delas pesquisadas no Brasil, diz ele. “Fabricamos células foto-voltaicas nas quais a quitosana entra como suporte. Também estamos utilizando bandagens anti-hemorrágicas com a quitosana. Nós podemos fazer a purificação, em mares contaminados com o petróleo, utilizando a quitosana. Ela tem uma centenas de aplicações”.
Fonte: Flávio Dieguez Repórter da Agência Brasil, 07/09/2004.
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