Quando a gente fisga um peixe no anzol ele se debate e luta para se livrar e quem sabe escapar com vida para dentro da água. De qualquer forma estará machucado, porém livre até outro pescador fisgá-lo de novo.
Com o atleta envolvido em caso de doping ocorre algo parecido. Esperneia, nega o fato jurando por tudo que é mais sagrado, tenta em entrevista desviar a atenção e o foco do fato e tudo o mais. Se for julgado inocente volta a competir, mas arranhado com toda a história até ser flagrado de novo porque quem usa doping dificilmente volta a competir de “cara limpa” porque não consegue boas performances.
Com os dirigentes e toda a equipe que envolve o atleta também. Todo mundo nega e, num primeiro momento defende e jura que o atleta é inocente ou simplesmente tenta se esquivar fazendo com que o atleta “pague o pato” sozinho. “Eu não sabia de nada!”. Até na política já ouvimos essa frase. Foi assim com Bem Johnson em Seul-88 entre outros atletas envolvidos com dopagem esportiva.
Com o caso da nadadora Rebeca Gusmão está acontecendo o mesmo. Todo mundo tentando se esquivar fingindo que não sabiam de nada. É assim mesmo. “Filho feio não tem pai”. O que ninguém esperava é que esse caso fosse parar na Delegacia de Repressão aos crimes contra a Saúde Pública e todo mundo está sendo convocado a depor. Até agora está assim: Rebeca se defende dizendo que tem ovário policístico, uma anormalidade em que o corpo feminino produz uma quantidade de hormônio masculino testosterona além do normal. Ora! Toda vez que o exame antidoping dá positivo para testosterona é feito um segundo exame da urina chamado de espectrometria de massa de razão isotópica (IRMS), única forma de distinguir entre testosterona natural e sintética. Ou seja, se o hormônio encontrado é endógeno ou exógeno, (produzido pelo próprio corpo ou nele injetado). O de Rebeca deu como exógeno. Além disso, ela e a médica Renata Castro tentam usar outra arma comum nesses casos.
Para se defender atacam outras pessoas, tentam desmoralizar laboratórios e/ou regras, se dizem vítimas de perseguição entre outros artifícios. Exatamente como fez o ciclista vencedor da Volta da França de 2006 Floyd Landis. Quando flagrado tentou confundir todo mundo, contratou os melhores advogados, se disse vítima de um complô dos laboratórios armado contra ele, tentou em vão mostrar erros dos laboratórios além de tentar confundir a imprensa. Diga-se de passagem. Não é boba em lugar nenhum. Parece até uma cartilha esse tipo de defesa dos suspeitos de dopagem esportiva.
O fato que levou o caso à polícia foi ter sido encontrado em uma das amostras dois DNA’s diferentes levantando suspeitas de manipulação da urina recolhida. Método ainda mais grosseiro na atualidade para tentar burlar exame.
Claro. Se existem dois DNA’s no resultado, de quem será o outro? A investigação mais lógica até para quem não entende nada disso é convocar os envolvidos a fazer o teste de DNA para saber quem teve real participação na fraude, não? A médica Renata Castro não demonstrou nenhuma vontade de colaborar nisso, até porque tem esse direito de não fazer, mas estará assinando a sentença? De qualquer forma será impossível, caso Rebeca venha a ser julgada culpada, que ela “pague o pato” sozinha. Como já comentei há algumas semanas, não dá pra imaginar e não entra na cabeça de ninguém, um atleta de elite internacional dopado sem a cumplicidade de profissionais de saúde que o rodeiam. Os verdadeiros responsáveis, os que a induziram, vão sair limpos do caso e tomara que eu queime a minha língua. Se for julgada inocente, até prova em contrário ainda é, de qualquer forma a ciência vai ter trabalho para explicar como uma nadadora pode ganhar tanta massa muscular entre um Pan e outro. Rebeca em Santo Domingo 2003 pesava 66 kg com 1, 77 m. Agora, um centímetro mais alta pesa 82 kg de massa muscular bem visível. Segundo seu treinador em declaração à imprensa no dia 06/12/2007 ela levanta 120 quilos no exercício supino sem nunca ter tomado anabolizante. Se ela sair limpa dessa história e sua verdade for outra tomara que também não tenha o mesmo destino da americana Florence Grifth Joyner, cujos traços musculares assombraram o mundo e contra ela nada foi provado morrendo anos mais tarde de forma obscura que é um dos muitos malefícios do uso de anabolizante.
Esperamos que o caso Rebeca Gusmão seja apurado com muito rigor, pois o esporte serve de espelho e incentivo aos mais jovens. Não podemos deixar disseminar a idéia de que só se vence com drogas. Em Pequim o Brasil não vai ganhar tantas medalhas como no PAN, mas que sejam limpas.
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