Uma novela de grande audiência explora atualmente o problema social da Síndrome de Down. De certa forma melhor informa às pessoas que as crianças portadoras da Síndrome podem, se estimuladas desde o nascimento, ter uma qualidade de vida muito melhor que no passado. Podem fazer inclusive atividade física desde que orientadas por profissionais especializados e/ou bem informados sobre as limitações e possibilidades de progresso.
O nome deve-se ao médico inglês Langdon Down que descreveu pela primeira vez em 1866 as características de uma criança portadora dessa síndrome.
Voltando lá para o nosso segundo grau, as crianças portadoras da síndrome apresentam 47 cromossomos no núcleo de cada célula ao invés dos normais 46 herdados do pai e da mãe sendo 23 de cada um. Os cromossomos contêm a herança genética e o extra localiza-se no par 21.
A identificação da criança com a síndrome é feita imediatamente após o nascimento, confirmando as probabilidades já sabidas durante a gestação através de exames feitos entre a 8ª e 11ª ou 14ª e 16ª semanas de gravidez respectivamente, amostra vilocorial e amniocentese. A ultra-sonografia e alfafetoproteína materna feitos durante a gestação também ajudam no diagnóstico.
Para os profissionais que vão trabalhar com essas crianças é preciso conhecer muito bem as características físicas para melhor executar o seu trabalho, são elas: Olhos – pálpebras estreitas levemente oblíquas com prega de pele no canto interno chamadas de prega epicântica. Íris – pequenas manchas brancas chamadas de manchas de Brushfield. Cabeça – geralmente menor e a parte posterior levemente achatada. Boca – pequena e muitas vezes se mantém aberta com a língua projetando-se para fora. Mãos – curtas e largas. Musculatura – de modo geral mais flácida. Orelhas - pequenas e conduto auditivo estreito. Dedos dos pés – geralmente curtos com espaço maior entre o dedão e o segundo dedo. Algumas crianças têm pés chatos.
É importante lembrar que não existem diferentes graus de Síndrome de Down. As crianças maiores vão ser mais ou menos desenvolvidas de acordo com as oportunidades dadas pela sociedade durante o seu crescimento. Elas se desenvolvem de maneira bastante semelhante às crianças normais, porém com um ritmo um pouco mais
lento.
Entre os profissionais de saúde da equipe multidisciplinar o fisioterapeuta e o de Educação Física cuidarão do desenvolvimento psicomotor em cada etapa. A hipotonia é uma característica presente desde o nascimento e tem origem no sistema nervoso central afetando toda a musculatura e os ligamentos. Espontaneamente tende a diminuir com o passar dos anos, mas essa recuperação pode ser acelerada com estímulos adequados desde o nascimento. Como toda criança, as portadoras da Síndrome irão controlar a cabeça, rolar, sentar, arrastar, engatinhar, ficar de pé, andar, correr, saltar e arremessar, exceto se tiver outro problema além da Síndrome de Down. Elas irão brincar e explorar toda variedade de movimento dominando o equilíbrio, a postura, a coordenação motora e a noção espacial desde que tenham espaço. Portanto, as crianças com Síndrome de Down precisam de cuidados, não de exageros a ponto de deixá-las isoladas do mundo.
Esse trabalho psicomotor, segundo orientação do Ministério da Saúde encaminhado aos profissionais, deve enfatizar: o equilíbrio, a coordenação de movimentos, a estruturação do esquema corporal, a orientação espacial, o ritmo, a sensibilidade, os hábitos posturais e os exercícios respiratórios. As brincadeiras na areia com diversos tipos de material estimulam a sensibilidade e a criatividade. Outras brincadeiras comuns na infância tais como pular corda, jogar amarelinha, jogos de imitação, brincadeiras de roda, subir em árvores, caminhadas longas, brincar no parque no balanço, escorregador e gangorra fazem parte do estímulo psicomotor global. Claro, tudo tem que ser acompanhado de perto, mas sem interromper a criatividade e a audácia da criança. A interferência só deve existir quando houver risco à saúde ou de vida, mesmo porque não dá para prever o quanto cada uma irá desenvolver. Erroneamente no passado essas crianças eram rotuladas como deficientes mentais e hoje se sabe que elas apenas têm um desenvolvimento mais lento.
Elas devem ter acesso à atividade física regular, porém como, a gente fica sabendo na parte II.
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