Diversos trabalhos científicos comprovam que as adaptações estruturais e metabólicas que ocorrem no organismo com a prática do treinamento esportivo são específicas. Sabemos por exemplo que as biópsias musculares em corredores de velocidade constatam uma predominância das fibras brancas (fibras de velocidade, com baixa resistência à fadiga), enquanto corredores de fundo apresentam uma predominância das fibras vermelhas, altamente resistentes a esforços moderados e determinantes do desempenho nas corridas de fundo.
Claro que não são apenas essas mudanças que ocorrem em indivíduos diferentes, submetidos a modalidades esportivas diferentes. Mas até que ponto essas mudanças podem afetar o desempenho de um atleta de fundo?
Estudos atuais comprovam que o atleta de fundo apresenta problemas para restituir a energia elástica passada após passada, dissipando grande parte da energia mecânica em forma de calor. Um outro problema evidenciado é a baixa capacidade de promover a flexão do quadril, gerando a vulgarmente conhecida “corrida sentada”.
Além disso e promovendo um resultado altamente negativo, correções erradas podem gerar movimentos ainda mais ineficientes para esse tipo de corrida, resultando inclusive em um prejuízo da performance. É comum notarmos corredores com oscilações excessivas do centro de gravidade ou flexão exacerbada do
joelho
na fase aérea da corrida.
Por todos esses aspectos, a utilização da corrida “morro acima” pode ser extremamente indicada para a melhora da técnica dos corredores de longa distância.
Vamos analisar as mudanças que ocorrem na estrutura do movimento de corrida no plano inclinado:
- Aumento do ângulo de flexão do quadril (elevação da coxa) de forma cíclica, a fim de se “vencer” a inclinação encontrada
- Diminuição do tempo de contato com o solo (transferência do peso para o meio e o antepé)
- Aumento do dorso (flexão plantar)
- Maior ativação da musculatura infra abdominal
- Desenvolvimento da RML e resistência anaeróbia .
Vale lembrar que os treinamentos produzem resultados maiores se forem realizados de forma intervalada, nas regiões de supralimiar, e também que é uma forma complementar de treinamento, que deve preencher apenas cerca de 10% (exceto em casos particulares) do volume total semanal de treinos de um fundista e sempre ser prescrito por um técnico especializado.
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