O tempo cobra o seu preço sendo o envelhecimento inevitável, porém, muito se pode fazer para que esse envelhecimento seja mais demorado, saudável e sem precisar dos outros.
Vamos ver então, calcado na Fisiologia, como o corpo vai desacelerando, as conseqüências e o que é ou não, possível fazer em busca de melhor
qualidade de vida na chamada terceira idade.
Lá no segundo grau, quando estudamos as células, aprendemos que as mitocôndrias são verdadeiras usinas geradoras de energia aeróbia responsável pelas atividades contínuas e prolongadas. A energia anaeróbia fica no sarcoplasma. Lembram disso? Pois bem, a anaeróbia é a primeira a se perder com o avanço da idade. A mielina, camada gelatinosa que recobre certos tipos de nervos sofre um desgaste natural interferindo diretamente nas
fibras musculares brancas, as de contração rápida (tipo II). A gente sabe também que os nervos são formados por células que não se recompõem e são sensíveis à falta de oxigênio. Sendo assim, os ramos nervosos menores são os primeiros a morrerem desativando pouco a pouco os pequenos músculos. A gente vai, por assim dizer, morrendo de fora para dentro. Ou seja, distal para proximal.
O
VO2 Máximo absoluto pode diminuir em torno de 8 a 10% por década levando à incapacidade de realizar atividades laborais simples. Astrand 1967, Bonjer 1968 e Hughes et Goldman 1970, citado por Farinatti, no III Seminário Internacional sobre Atividade Física para a Terceira Idade - 2000 sugerem que uma atividade laboral utilizando 33 a 50% do
VO2 Máximo não pode ser suportada por mais de sete horas. Isso em condições favoráveis de temperatura ambiente, estações de trabalho adequadas e esforços repetitivos equilibrados. No ambiente de trabalho ninguém pensa nisso...
O custo energético pode ser descrito em MET, e 1MET corresponde a 3,5 ml/kg/min. Sendo assim, já é bem estabelecida na literatura uma classificação de medida em MET para as diversas atividades, uma delas, proposta por Brown e Crowden (1963), também citado por Farinatti, segundo a qual teríamos: trabalho sedentário ou muito leve 1 a 3 MET; Moderado 3 a 5 MET; pesado 5 a 8 MET e muito pesado mais de 8 MET por minuto. Conclui-se então que um idoso com valores de
VO2 Máximo abaixo de 31 ml/kg/min não possa nem trabalhar direito, e essa medida não é tão difícil de ser encontrada entre os idosos.
A
massa muscular, em bom português, de uma forma geral vai "secando". Ou seja, perde-se massa muscular, sarcopenia, sendo esse processo acelerado com o
sedentarismo, vida irregular, estresse e etc. De origem grega, sarcopenia significa “perda de carne” (sarx = carne, penia = perda) que no corpo humano pode ser de origem multifatorial sendo a idade um deles.
A massa óssea é outra estrutura também bastante prejudicada perdendo paulatinamente mais
cálcio e a sua rigidez. A conseqüência mais grave e mais conhecida é a osteoporose. E por falar nela, são conhecidas duas formas: a primária causada pelo desgaste natural e deficiência hormonal, geralmente na terceira idade, e a secundária ligada a medicamentos tais como os corticóides. Outros fatores estão relacionados ao sexo (feminino), a hereditariedade e à raça branca.
Aí vai mais uma doença ligada ao idoso e à lei do uso e desuso, embora possa também ter outras causas. A
artrose. Se não usa, atrofia....
O corpo perde água também e uma das conseqüências é a diminuição da espessura dos discos intervertebrais que são formados por uma camada fibrosa e cheios de água. Discos mais finos, menos mobilidade na coluna vertebral. Além do mais, a própria ação da gravidade já contribui para isso. O idoso fica, por assim dizer, mais baixo.
Alguma coisa aumenta no idoso. É a freqüência respiratória e por vezes a pressão
arterial. Os ombros vão se projetando para frente e as costas ficando arcadas dificultando os movimentos do músculo diafragma. A amplitude das passadas vai diminuindo e quando começa arrastar o chinelo... É o fim. O pé nem levanta mais. Como tudo pouco a pouco vai parando as dificuldades circulatórias vão aparecendo interferindo na pressão arterial.
Cartas para essa coluna:
Luiz Carlos de Moraes CREF/1 RJ 3529 - E-mail: lcmoraes@compuland.com.br
Para Refletir: O computador, por mais espetacular que seja, executa apenas o que o homem manda. Muita gente também é assim. Não cria nada.
Sobre a Ética: Tem coisas com as quais não precisamos nos preocupar. O mau profissional é uma delas.
Saiba
mais:
Entrevista com Luiz Carlos de Moraes: Os vovôs da nova geração saúde
Exercícios aeróbicos, alongamentos e flexibilidade para idosos
Novos Velhos - Exercícios físicos para idosos
Novos Velhos - Custo Energético, Sarcopenia, Massa Muscular e Óssea
Metamorfose Humana - Mudanças com a idade Velhice saudável - A aposentadoria
Os Pilares de uma velhice saudável
Velhice saudável - Força, Capacidade Aeróbia e Flexibilidade
Idosos com mais saúde direitos e deveres
Os Novos Velhos
Saúde do idoso - Capacidade Aeróbia e a Flexibilidade
Como ter uma vida mais longa e saudável
Como ficar em forma e fabuloso na terceira idade
Idade e metabolismo: Como evitar ganho de peso ao envelhecer
|